sábado, 26 de dezembro de 2009

que poderia eu dizer deste acordo nosso antigo.de outra forma,dizer que a amo espalhava-se em salpicos de deliciosas palavras para depois partirem em lábios molhados.se corresse bem,dois corações encandeavam as ruas que o templo do espírito pedia perdão.e por essa razão,deixamos que nos apertem as mãos.e o crepitar do lume vem com o meandro dos dentes.e nós somos agora uma pá cheia de medos.ainda que,não tentamos o suficiente.avançamos para alem de um pequeníssima semana.e que amor tombou no primeiro impresso do dia.eu sigo.organizado e dialogando com o próprio coração.ver-te-ei depois da morte.e dormirei contigo.até lá,seguro nos dedos este arrependimento e remorso,pelo amor, mais e mais devemos fazer.pelo amor que acreditamos.pelas ruas,já apagaram as candeias.pelas janelas,as sombras transcendem em frente às cortinas.todo este cansaço ao frio.todo este coração antes de ser sombra.é um momento de infelicidade este.um momento ruidoso antes de ser sono.eu,como fortuna terrestre admito-o.um sopro de luz pela aorta da memória.e sigo este remorso, por ter ainda mais vida.que outro coração lambe das ruas, a tortura.que outro corpo recorda no seu rosto,o amor.e eu,que altivo recordo, entre vozes:
- este é o amor que tive,da idade própria de o ter,de um homem em flor que o criou.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

noutra voz que nao esta

queria falar contigo ,noutra voz que não esta.estou cansado deste miar de gato.do alpendre e da janela de cinza.estou cansando da cor,da mesma cor que a minha voz mija.e estou dobrado neste silencio.neste movimento abstracto.quero um novo coração.que surja da palavra abandonada.a mesma que não te disse.porque só assim mantenho vivo este mar.este que te escolheu quando te encontravas sozinha,á procura das sereias,no centro do sol.teu corpo,é um homem que virou as costas ao mundo fantástico.ainda te espero num outro telefonema.de pupilas atentas e com a mão no sexo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

memórias de um amnésico XII

no meu interior sei que é mentira.a mentira do homem comum.o homem mortal.o homem feito de carne.o homem feito da pedra.do osso.depois da cinza.esse também.e o monstro.irei procriar o monstro.a constituição do homem comum.e faze-lo suar.para depois me desprender do seu choro.vou-me também,despedir das sombras.da embriaguez das mesmas.dos seus aromas e cheiros.desses outros seres.compreendo o que esta para alem da minha vontade.recordar o porque recordo.deixarei o lacrimal para um depois.e a neve dentro do meu corpo.e a neve dentro do meu corpo.só caindo inanimado consigo o retorno.todas as viagens e todas a virgens.as sombras.a sepultura e o jardim.não desejo de alguma forma este talento.a capacidade de voar entre e dentro das sombras.a construção de outros cenários e a desconstrução do espaço e do tempo.minha inquietude é este lugar.agitado.lugar onde me alimento das sombras.porque as sombras sao o vazio.vazio de um nada que arde.porque o vazio sugere o amanha.porque é da ausência que falo.tenho nauseas quando me alimento das sombras constituidas pelo arquitecto.ele também é pedra.a solidificação da agua.este corpo.esta sede do ainda.aglutinaram as carnes e sao ausências.meu espaço vazio.meu espaço comido pelo tempo.meu tempo comido pela ausência.não há mais nada neste quarto que arde.arde sozinho e com ele as sombras.os outros personagens de linho.assim, me despeço do morto.dos que ardem.dos ausentes.descalço-me desta capacidade de progredir no tempo.não há tempo no espaço ausente.não há espaço para o tempo. a pedra arde.o arquitecto sugado pelo fogo.

uma porta existe agora.uma porta inventada do nada.da ausência.uma porta fechada mas não trancada.um espelho em frente da mesma.meu rosto.meu corpo aconchegado em si mesmo.espelho.e pensamento.é preciso viver para alem das coisas boas.é preciso vingar as coisas más e toma-las como boas.

memórias de um amnésico X

sombras.descobri enquanto lavava as feridas do corpo liquido que as sombras também se despem enquanto duvidas.as paredes tornam-se estáveis à minha volta. é escuro.estou em reunião familiar com todas elas.as sombras.fêmeas que se deitam no sofá.local solitário.o meu lugar.o meu espaço no tempo.desvio o cheiro a sexo para a janela.do outro lado o jardim.ao lado deste o corredor.dentro do quarto uma cómoda.a gaveta e as escadas.amacio este lugar intermédio enquanto espero.sao murmúrios.uma vez mais .há um discurso que até poderia ser o mais indicado mas apresenta distorções.não é um bom discurso.ruidos .não gemidos.ruidos.reconheço-lhe a voz.uma outra sombra.há muito que andava em viagem. há muito tempo que andava desaparecida.regressou.a corda do enforcado.metade das pessoas que conheço teem medo de serem abraçadas pelo tempo.outras procuram no tempo um abraço.minha residência é dada a carências.chocolates e morangos.encontro-me só e muito triste.só, porque não poderia ser de outra forma.só assim escrevo.triste.não há razão para tanta tristeza.talvez seja dos anos.comemoro-os só, unicamente só.há uma maldição para quem escreve.vingo-me assim nos momentos decisivos.é a altura de sufocar o medo.preciso da corda.sinto uma satisfação por o conseguir.estar preso a estar só.esta solidão por estar triste.a tristeza sobrevive nas veias como o sangue.tenho várias feridas abertas.pensei que fossem desaparecendo com o tempo.engano.tudo não passa de um engano.tudo não passa de uma questão de espaço.tenho o meu corpo todo rasgado.envelhecido porque pensou em manter-se jovem.saber envelhecer.estou cansado.cansando este novo saber.conhecimento.uma esfera pequena protegida por uma orla de ignorância.quando mais conhecimento mais a esfera dilata-se.mais a sua superfície toca na orla ignorante.cave.escadas de vidro que vão dar à cave.

memórias de um amnésico IX

acordo.o sol já se deitou faz tempo.sobrevivo à claridade solar como sobrevivo ao principio da noite.candeeiro.apenas este candeeiro.esta luz.os outros.nasci de parto natural.comigo nasceram também os outros.tal como eu foram ganhando formas de se pronunciar.cinzas.estão espalhados pela casa.corredor.escadas.janela.jardim.cómoda.gavetas.sótão.cave.todas as divisões possíveis e as que ainda faltam inventar.sao representantes dos sonhos .meus sonhos e meus pesadelos.minha felicidade e minha melancolia.túmulos metafísicos e psicanálise.sao estátuas e sao pedra simples.túmulos e suicida.incendiários.um.aparecem sobretudo transvestidos.homens e mulheres.cavalos e sapatos.pés e unhas.deslocam-se através do vento.através da noite.do quente.da estação.quantos partiram e não voltaram.quantos regressaram de outras viagens e fundiram-se noutros que ainda não existiam.criador.um.sombras.residentes no meu quarto.uma teia de aranha no canto superior direito.de frente para atrás da janela.janela de frente.detrás para a frente da janela.sombras.teia de aranha.sombra de luz.singular refeição que me acompanha.sombra de luz.também é dela que respiro.e sou aberração.não é fácil ser aberração neste espaço.somos tantos.distinção.outros de mim revoltam-se de inveja.sombras agitadas.sol.a poesia morta.a poesia é nocturna neste quarto perto da cómoda constituída pelas gavetas que teem puxadores.gaveta aberta.corredor.escadas de vidro.cave.a um sol desconhecido pelos meus olhos ,divago.aguentarei nas asas de um pássaro solar.quando a solidão me visita.eu.eu mergulho bem do alto da lua e me deixo abater antes de tocar no espaço.neste quarto.assim chego às pessoas esta pedra.este cérebro cansado.a necessidade deste tempo é exorcizar este medo.só.unicamente só.o meu corpo.a minha mente.o meu entusiasmo de escrever.funciona exclusivamente quando se arrasta como merda colada nas solas das sandálias.e voa.ora para aqui ora para ali.parece um saltitao.este entusiasmo panasca.divido o meu tempo com o silencio com a dor com o medo e com a solidão.sou único.o medo aumentou e o meu cansaço também.ambos colaram-se como carraças às minhas células cerebrais.um outro espelho.da boca vomita um desejo carnal de comer.quero comer.quero comer-te o cérebro.que me sirva de cobaia este corpo que me acompanha ao longo do tempo.neste espaço.como.acordei a um agora de um pesadelo.pensamento.unhas dos pés arrancadas e comidas pela boca do espelho.arrota a podre.os meus pés mortos.sem pés.foram comidos.sou bombardeado por imagens de cariz sexual.pornográfico.físicos vigorosos.fêmeas famintas de carne.sem unhas e sem pés.o sótão.desconheço a obediência da minha idade para estas coisas.o meu tempo.

retorno a casa

já é tarde,digo eu.enquanto, as mãos lavam as poeiras de outras magoas.e o corpo nocturno está cansado de ser constantemente usado.devoradores de plantas ósseas comem a sonolência e o coração das cidades etéreas.e a dor vem em telefonemas de tosse e rouquidão de quem salta o amor.debruço-me assim neste vento gélido e deixo que os grãos vivos desta ferida sosseguem-me por momentos.retorno a casa.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

casco dos cavalos

gostava que me dessem asas,
depois que me ensinassem a voar,
contudo,
na gaiola passo parte,
grande parte do meu tempo
e o tempo gasto constroi-se
com sorrisos
e nao com o casco dos cavalos
a pesar-nos as asas

a menina dos meus olhos

é da calcificaçao da gaveta
que a memoria ficou com a ferida aberta
e dela
o sangue nao parará tao cedo de verter
tenho por vezes
pena da beleza da menina dos meus olhos
é que teima sempre em chorar.

sol de inverno

o que nao toco
diluiu-se
pela corda da sofreguidão
há quem seja sal
na noite em que se deita
eu continuarei
a ser um sol
de inverno rigoroso feito

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

o sal sempre derreteu gelo

descobri que a pele muda sempre que uma parte de mim morre.e numa respiração leve, guardo-te com as outras estrelas.recordo-me agora do lugar.assim,não preciso de te levar comigo.vivemos apenas o acaso de um universo expansível,nada mais.e as respostas,estão ao fundo da rua.foi onde me deixaram construir um sorriso.houve tempos que pensei em te mostrar mas tu encolhias os braços.ainda recorro várias vezes a um local que só eu conheço para montar sentimentos nas veias de quem gosto,depois...depois esqueço-me do local onde estive.
-sempre me demorei pouco em espaços curtos- gostaria de te ter mais tempo.mas uma personagem se ausentou do cinema mudo.ou estará perdida entre dois espaços simultâneamente.não o creio nem o desejo.assim parto.coloco no pescoço o cachecol do norte de África e nos ombros o meu casaco militar.faço-me assim ao principio da rua.sei que o frio que se faz sentir tomará conta do meu corpo. e eu irei chorar.por isso,não te preocupes.sabes bem que o sal sempre derreteu o gelo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

outra cidade findará e com ela morrerão as pedras e a calçada debaixo dos pés.estes que já estão mortos por nada sentirem.deus alugava uma estranha flor que só á noite abria as suas pétalas e me entregava o seu coração.deus morou na rua que tu mandaste cinzar.morreu nos teus dedos silencio.e eu morri com este som intenso ,com este arfar demasiado amor.fechou-se assim a noite e o seu sorriso.porque coseram a boca,a tua boca e taparam-me o nariz,para que não nos pudéssemos beijar.

porque nao choras um pouco (reed)

de onde vem esse teu medo
que me maltrata e manipula

algoz!
não me apanhas assim tão facilmente

marioneta de fogo e cinza
e os cavalos que nos calcaram fogem

pois não teriam estas paredes vazias
outro significado

os corpos de lama
são facilmente modelados
são nossos corpos
na vala esquecidos
maltratados

e o tempo
passa agora devagar
montando o unicórnio de cor prata
e num gesto sibilar
afasta o corpo da alma
numa dor que sodomiza
numa dor que quase,
quase me mata

magoa-me ver-te assim
tão triste tão incompleta tão só

porque não choras um pouco
porque não choras um pouco

sábado, 12 de dezembro de 2009

a morte é vermelha

partes isolado,no segredo de quem vive o silencio.no sonho de quem se entrega ao lençol das palavras sangue.és o teu diário.e escorregas para um lugar por ti seguro e escondes-te.porque o cao canta no precipício aguardando o passo.basta apenas um passo.e beija-te a chuva que tão bem conheces.sabes que és da sua matéria.és as suas ruínas e o seu sangue.sabes que és tu o cao que canta por dentro.e com as flores dos outros cobres este animal.e cultivas no sangue esta pedra.pássaro que assim vive.dentro do cao que canta dentro.dentro,desprende a sua voz.o cao canta e voa.
vem a noite mais uma vez e tu nada dizes.a ferida está viva na garganta de lodo e luz.pegas no corpo breve e mergulhas-te no marfim das flores.é assim que acalmas as feridas de quem ama.no principio,bastava chorar um pouco. agora,um cao canta e voa.sei que mentes enquanto escavas palavras para lamber-te as feridas.o cao também voa.e o seu coração é uma asa onde tua voz pode adormecer,aconchegada.enquanto isto,procuras polegares de quem morre.foste tu que incentivaste a morte.num beijo nu.a morte é vermelha,disseste.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

tens um cao dentro de ti

confesso que me envolves,sempre que deslizas os teus dedos sobre as palavras.o cao quer cantar,dizes tu.no branco linho,na boca da floresta carnal.
e na arvore que carregas nas veias.silabas dobradas pela dor e chuva-fosforo incendiando os teus medos.quem cantamos nós,agora?
o amor perfurou uma parte do peito e dividiu-a.uma parte de ti levanta-se da cama febril com um centurião na garganta.queres que saiba o que sentes e por isso gemes cada uma das flores oferecidas.foram os que por ti passaram.e espalhas o sal pelo meu rosto de papel.
uma vez,uma voz bateu-lhe à porta.o cao quer entrar ,pensaste tu.e não reparaste que já dentro de ti ele habitava.capaz de te secar as chuvas.montar a ansia do fogo.e comer-te o silencio.tens um cao dentro de ti.
é ele que te vende o amor e o coração.a tua cidade.e o sono que te embala, é porque o cao dorme,dentro de ti.desejas acordar com um país erecto na boca.uma língua sorvendo as ruas da tua europa.salivas,a tua língua.e a tua boca.já fizeste esta viagem várias vezes,penas.e arrastas para ti outros braços.alugas quartos e cantas outros corpos.mas não sabias que,as arvores também nascem nas pedras áridas.como podias saber que nem todas as sementes morreram.uma,uma delas fecundou o teu peito.dois corações no teu peito vivem agora.e o cao quer cantar.preso às coisas tristes da janela sensível.na cidade que te fecundou a arvore.as estrelas também morrem-pensaste.como que, as querias apagar.sao putas.sao putas como tu que brilham no mais escuro da noite.que se dão ao prazer do fogo.e tu querias ser unicamente estátua.agonia-te esta sensação de sentires tesão.o cao canta dentro de ti.outros atravessaram o teu jardim,inúmeras vezes.nunca os amaste.mas sempre soubeste a razão.por isso bebias o liquido espesso das suas bocas e alugavas o teu coração.fazias tudo isto porque o cao dentro de ti precisa de cantar.e tu gostas dele.por isso não o expulsas.tens um cao dentro de ti.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

também eu morro ,em cada gota de chuva que brilhou e se estende agora no chão.no lugar mais perdido do corpo encontrarás meu coração.que dizes tu, quando uma voz morre na imensidão do mar.sempre pensei que a dor se deve beber devagar e não na velocidade que quebra o ramo, em dias como este.porque o negrume da noite devora a alma.e sinto-me na verdade cansado, deste grande cinema que é o amor.já não há espera, apenas certeza.

Diário de Maria Cura

cheguei ao interesse deste livro através de duas pessoas, FreitasAntero e Moreno.
(um abraço aos dois.)
falo de um policial,digno de autores,tais como os que escreveram "crónica de uma morte anunciada" (Marques)) ou mesmo "o terceiro homem"(G.Greene) .
apercebemos-nos do género desde a pág 6 e que nos é dissipada todas as perguntas que colocamos ao longo do enredo apenas, na página 109.e quando tudo está resolvido (pensamos nós) uma outra surpresa é-nos lançada pela janela do epílogo.destaco a idade de Maria Cura, tem a minha idade.
e a curiosidade sexual, não creio que seja uma cena que por aqui li,como uma coisa pornográfica ou erótica...parece-me mais que o Torres se preocupou com a normalidade que nós (homens e mulheres) fazíamos na altura da escola.nem mais exagerado nem menos belo.(cap2.pag.12) no cap 3 ,a descrição de uma jovem adolescente com todas as vicissitudes como o autor diz a certo momento "Maria ardia" pag 15.e a sua viagem à descoberta do sexo,não quimérico mas pratico.
no capitulo 4 pode se afirmar que Maria é uma mulher feita procurando aventuras e a sua perversidade e gozo das mesmas.
no cap.6 a Internet e o diário e a interligação a um real virtual,passo a explicar ..em luso-poemas encontra-mos de facto o diário de Maria Cura..o que enaltece sem dúvida esta ideia mágica da construção das personagem...o escritor neste caso foi extremamente feliz ..e o resultado é todo este capitulo. nós,como usuário do luso-poemas entenderemos melhor.fomos privilegiados neste policial,como que o autor deste livro nos quisesse agradecer.
o que mais gostei neste livro foi o cap.7,não porque nutro de um interesse próprio por coisas mais melancólicas mas sim pela capacidade e carga dramática do escritor ao longo da pág 45

" não olhou para atrás à saída,se o tivesse feito teria visto o seu próprio corpo dobrado sobre a sepultura,chorando." (cap.7 pág.45).
no capitulo 10 assistimos a uma cena extremamente bizarra,o sofrimento e loucura de uma mãe,
-até onde nos leva afectividade e a perda de alguém que nos é querido?

capitulo 11 uma primeira suspeita.
no capitulo 12 uma outra revelação surge,constrangedora,de facto,algo digno de um Eça de Queirós pelo enredo e situação.cap.13 o escritor promove o nome de "Maria cura" subtilmente...com a gata..quando esta se chama Maria e no final do capitulo,completando-a através da frase "fosse isso razão e cura".
cap.14 o reencontro com o seu primeiro amor e,uma tragédia acontece,a viuvez.
"foram sonhos a cores,com cheiro a liberdade"
cap15 afinidade entre dois bons amigos..tal como deveria acontecer na realidade.
(pag.88)que de resto, continua no capitulo 16 ..a relação entre pai e filho com o estádio axa no papel de fundo.muito bem conseguido estes dois capítulos.até ao capitulo 19 o confronto de gerações..de 3 gerações concretamente.no capitulo 19 a preciosa ajuda de uma personagem..curiosamente tem o nome de uma personagem de Eça de Queirós..digamos que José Torres presta homenagem a um imprescindível escritor da língua portuguesa.também ele o é ...com este policial o confirma.

a ti Torres um Grande Abraço.

Caopoeta.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

o engate

não tenho tecto neste sentimento de dúvidas que trago comigo,também se encontra vazio.o vento fora decapitado.pernoita agora a secura dos ossos viajando muito longe, para um universo de incertezas.morro.e uma língua insuspeita cobre o teu rosto para que me faça ouvir.não me pertence mais, este fogo que aquece teus dedos.a floresta chama por mim,tal como o inverno te seduz para outros engates.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

agora sei a cor que quero guardar na retina da árvore.a cor do que sinto pelos teus olhos quando os tenho.porque o tronco desta árvore à muito tempo bebe o teu corpo liquido.e para a sua boca caminha esta afinidade.com te explicar que a noite traz-me aperto e que bate um vento frio cá dentro.é por esta razão que tenho que te dizer.
-que pássaro és tu que me escapa tanto.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

nenhuma palavra
poderá substituir o que o coração sente
talvez o seu gesto seja abraço
para melhor conforto

-porque vivemos recusas e retornos
no meu tímpano
uma circunferência equatorial
a tua voz
uma esmeralda verde
-que dizes tu?
Bom dia
aos nenúfares de gelo
-pensou ele
e deitou os braços ao mar
nunca a solidão invadiu
a fome silencial daquela forma
cinza dos cigarros por dentro do cosmos
fogo de carne zarpando nos cometas sóis
pergunto-me

porque te criei
na pedra infértil que deitei fora

porque és a matriz
onde
a organogénese
apenas é uma paráfrase
do que deveria ter sido
a boca guarda

os silêncios lançados
como gritos de mãos dadas
às respirações


a noite bebe-a
sempre te amei

outras vezes neste silêncio
no tempo em que não existem dúvidas

de manhã
no acordar para o dia
de manhã
no encosto do corpo

da boca
e da boca da pele

lá fora
o vento fustiga as arvores
os ramos e as folhas

lá fora
com a chuva as flores
fingem-se afogadas


dentro
toca-nos a imensidão das coisas
os sentimentos


dentro
fazemos amor


dentro
desprendemos os dedos
as mãos os braços o corpo


como uma canção
devagar


e partimos
para outras ilhas


sempre
em silêncio


sempre
no ritmo do sangue

sempre
na palpitação da pedra.


outras sombras
habitam
nossos pensamentos nus


outras melancolias
em nossos olhos negros


talvez
seja este o preço
por amar tanto.


novamente em silêncio


e ouvimos
o vento e a chuva
as arvores e as flores,

dizem


que
à noite também se ama

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

gostaria que o meu encontro com a morte fosse lento como esta necessidade de te escrever bela.não saberei a saída desta arvore também não a quero deixar porque faz parte de mim.e tu ,bem...e tu vens comigo curar as feridas enquanto nossos corpos se tocam num abraço.porque é mais fácil despirmos já,as folhas que no corpo alegres tiveram agitações.e só o coração contará depois esta história.porque se trata de uma história esta vontade de imaginar sorrisos dentro da boca.e destronar o preconceito que temos sobre a felicidade.porque o possível, é o avesso das horas que passaram nos momentos em que não te tive.mais uma vez,desconheço o que a tua boca toca porem sei perfeitamente o que dançamos neste pensamento de espelho.