terça-feira, 31 de maio de 2011

Caímos pelos braços, as unhas de papel cimento pintadas, e pela primeira vez as palavras ganham o tempo nos murmúrios salgados.

Dividimos, subtilmente, a matéria dada da terra choro, o copo de vinho na garganta de cinza e dizemos «amor» na hélice de corpo inteiro, na manhã encostada à cabeça.

Pronunciamos: bandolete.

E o corpo reflexo entra na luminosidade da esfera poema, frígido, por não ter cumprido a profundidade de cada verso.

Cada movimento do verso.

Antes, todo o corpo dissipava a linha ténue do sol, antes ainda, embalava o meu sono no ventre do algodão riso. Depois, arremessava-me as feridas, impetuosas, sobre a consciente densidade do inútil. Pobre, podre, inútil. Enquanto, neste insaciável abandono da carne dormia, o esperma frágil da constituição das asas de branco leve, impenetráveis.

Assim, comíamos a boca do tempo, a silhueta do próprio corpo, como se comêssemos todos os continentes da desordem, e pedíamos, enquanto tudo num todo de assimilava, a matéria viva, a transparência, do que foi feito o nosso amor.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

uma borboleta equilibrista

somos a respiração feita, os dias consumidos pela luminosidade, as pálpebras de incêndio, o limite e o taciturno limite partindo os passos de iodo, o lastro lento, o lastro lento lendo, a metamorfose.
escrevemos, dentro , a melancolia sentida para sobreviver.
assim lembramos, o olhar:
-uma borboleta equilibrista de orvalho pesando sobre o rosto,
sendo o rosto, lamento do ainda, do ainda de não ter sono. é neste sim, que todo o ser deve poder-te cantar, estas as palavras.

sábado, 14 de maio de 2011

o estranho guarda-chuva

No laboratório do instrumentalista, hospício de atmosferas educativas, celebra-se a transformação generalizada pelos cambiantes mutantes de ortografias e biografias.

Homens sem H e mulheres reclusas, das instituições semi-religiosas criam uma espécie de catedral cosmopolita, que mais parece pela confusão, uma torre de babel arruinada, repercutindo propagandas de inteligência, o que já não é mau de todo, às eloquências influentes.

Desdenham,
porque não sabem desenhar, a admiração pela percepção sentimental, quando depois de um dia de trabalho são, banalizadas para os grandes oceanos, dos livros de cabeceira, livros light, que de luz e leveza nada têm.

Estes homens e estas mulheres são dotados de uma extraordinária memória...

memória suicidária!

Esquecendo-se facilmente, da audácia, da importância da palavra e da liberdade de criar e dizer algo que seja.
É compreensível!
E por mais que esboçam honestidade,
o resultado final não é mais do que um rascunho insignificante de um momento furtivo.

Quando se pede uma voz activa, segura, assertiva...

O exigido canto do cisne,
não passa mais do que, um engasgo escandalizado, sem excepções ou ornamento pelo manifesto verificado!
Pedem-se, cordialmente discussões e o resultado são tumultos de canções roucas, um arroto distraído e o eco que se ouve, está claramente infectado por um vírus económico consumista proveniente de um pensamento viscoso egoísta.

Conclusão:
os intervenientes são uns incompreensíveis frustrados.

Todo o homem é construído de pequenas coisas e todas as coisas pequenas do homem fazem o construtivo do ser construído.
Todo o homem é construído facilmente pequeno.
De pequeno se torce o pepino com a esperança de sermos um dia grandes hortas, e nas hortas plantar espinafres será o homem que os come, o marinheiro.

O bom marinheiro é aquele que encontra no ente a libertação.

Sempre fui um bom navegador, também sempre fui um bom homem. Desejar o que dos outros é tido como direito não me parece sensato.

Todo o homem, na universidade dos seus complexos idiomas numa conferência evolutiva, combate harmoniosamente os seus “ eus ” estados de alma pelas profundas vísceras como manifestação de libertar todo o ser pela bílis, mais tarde pelo ânus.

Grita!

Sofrei irmãos da escrita vaidosamente este ímpeto de dor trágico. Enaltecei o que defecais! Porque assim é, íntimo, o filho que sempre vos cheirou bem. Comei os segredos do que extrais, os medos efeitos da arte. E como sempre será desconhecido este satisfazer; as parcialidades do homem.

Já se encontra desgastado o corpo que continua libertando da solidão a repulsa do coração intrínseco assim, para além da carência de marcar estabelecimento entre a palavra dita e a outra, a escrita, encaminha-se pelas sombras maiores do abismo revelando pela igualdade das secreções da garganta com o mesmo idealismo assumido da carne sublime fresca o ser rejeitado sempre com a mesma coragem de prosseguir com lâmina na ferida e ouvir, enquanto esta corta a dor, o seu desejo de escrever.
Que pureza estará este desafogo a conter, delicadamente pensado nos homens. Nos seres demasiados cansados ao ouvido maleável. Procura-se o metal, escondendo-se as facas, anulam-se as promessas feitas antes, sendo a viragem uma música que incessantemente regurgita nos pensamentos.

O homem que sempre foi, rodeado de prazeres, se esvai, ficando como contradição gordo, invulgarmente gordo, involuntariamente pesado, continuando a negar o artista, este ser feito de suposições recreativas.

Por ser assim, mede-se o sono dos dedos tal como a grandeza das interrogações.

A seu tempo,
A seu tempo, a lâmpada brilha mais forte, exuberante é como sempre foi este mundo maldito de necessidades. Procura-se a renúncia e a renúncia é, uma lança flamejante envolvendo um corpo sombrio de interjeições. É, a seriedade inconveniente ao discípulo ínfimo e egoísta, a que se chama:

A cobardia do homem.