Caímos pelos braços, as unhas de papel cimento pintadas, e pela primeira vez as palavras ganham o tempo nos murmúrios salgados.
Dividimos, subtilmente, a matéria dada da terra choro, o copo de vinho na garganta de cinza e dizemos «amor» na hélice de corpo inteiro, na manhã encostada à cabeça.
Pronunciamos: bandolete.
E o corpo reflexo entra na luminosidade da esfera poema, frígido, por não ter cumprido a profundidade de cada verso.
Cada movimento do verso.
Antes, todo o corpo dissipava a linha ténue do sol, antes ainda, embalava o meu sono no ventre do algodão riso. Depois, arremessava-me as feridas, impetuosas, sobre a consciente densidade do inútil. Pobre, podre, inútil. Enquanto, neste insaciável abandono da carne dormia, o esperma frágil da constituição das asas de branco leve, impenetráveis.
Assim, comíamos a boca do tempo, a silhueta do próprio corpo, como se comêssemos todos os continentes da desordem, e pedíamos, enquanto tudo num todo de assimilava, a matéria viva, a transparência, do que foi feito o nosso amor.
terça-feira, 31 de maio de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário