sábado, 12 de novembro de 2011

o dorso escrever

ser o umbigo na manhã impossível desta página
o ventre da página viagem e pedir a tua mão
se outra mão sentida não for
o instante aberto à pureza.
amar a pureza da escrita
o dorso escrever
escrever-te sempre
para magoar as palavras na tinta do dorso
beijando-o.

domingo, 23 de outubro de 2011

na falta que me fazes

Fazes-me falta na semente da claridade do segredo. Fazes-me falta na penumbra da estrada desfeita. Rasto da noite animando uma história antiga. Sim, fazes-me falta. Nos lugares que nos esperam, no sorriso desses mesmos lugares. Como fossem castigados por viverem demasiado os beijos e os filhos do amor eterno. Fazes-me falta. Já o tinha dito. Haverá tempo que sobra. Haverá a cama dentro do peito. Haverá quarto e roupeiro dentro de um quarto de tempo. De nada me agrada esta máscara por cima das senhoras adormecidas. De nada me agrada este murmúrio pancada dentro das mesmas. de nada me faz falta na falta que me fazes.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CURSO das ARTES de PALCO

A A.R.C.M. apresenta


CURSO das ARTES de PALCO





- DANÇA CRIATIVA



Nov: 7, 14, 22, 28. Dez: 5, 6, 10.

Preço: 20 euros individual / 30 euros par.

Info: 91 610 26 20 / cursoartespalco@gmail.com



- LUZ E SOM



Nov: 8, 15, 21, 30. Dez: 5, 6, 10.

Preço: 30 euros.

Info: 91 743 73 49 / cursoartespalco@gmail.com



- POESIA



Nov: 2, 7, 14, 21, 28. Dez: 5, 6, 10.

Preço: 20 euros

Info: 91 902 91 99 / cursoartespalco@gmail.com



- TEATRO



Out: 17, 18, 19, 25, 26. Nov: 1,2,8,9,15,16,22,23,29,30. Dez: 5, 6, 10.

Preço: 50 euros.

Info: 91 724 24 55 / cursoartespalco@gmail.com

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

na orla superior do vento

turba de cabelo na orla superior do vento
abraço ao tempo o corpo
sempre
a roda aroda a forma mais subtil do circulo
no circo
na unha a punha

-direis ao vês dos bens em vez de serem três,
ao centro do vento
o calor da fissura?

terça-feira, 31 de maio de 2011

Caímos pelos braços, as unhas de papel cimento pintadas, e pela primeira vez as palavras ganham o tempo nos murmúrios salgados.

Dividimos, subtilmente, a matéria dada da terra choro, o copo de vinho na garganta de cinza e dizemos «amor» na hélice de corpo inteiro, na manhã encostada à cabeça.

Pronunciamos: bandolete.

E o corpo reflexo entra na luminosidade da esfera poema, frígido, por não ter cumprido a profundidade de cada verso.

Cada movimento do verso.

Antes, todo o corpo dissipava a linha ténue do sol, antes ainda, embalava o meu sono no ventre do algodão riso. Depois, arremessava-me as feridas, impetuosas, sobre a consciente densidade do inútil. Pobre, podre, inútil. Enquanto, neste insaciável abandono da carne dormia, o esperma frágil da constituição das asas de branco leve, impenetráveis.

Assim, comíamos a boca do tempo, a silhueta do próprio corpo, como se comêssemos todos os continentes da desordem, e pedíamos, enquanto tudo num todo de assimilava, a matéria viva, a transparência, do que foi feito o nosso amor.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

uma borboleta equilibrista

somos a respiração feita, os dias consumidos pela luminosidade, as pálpebras de incêndio, o limite e o taciturno limite partindo os passos de iodo, o lastro lento, o lastro lento lendo, a metamorfose.
escrevemos, dentro , a melancolia sentida para sobreviver.
assim lembramos, o olhar:
-uma borboleta equilibrista de orvalho pesando sobre o rosto,
sendo o rosto, lamento do ainda, do ainda de não ter sono. é neste sim, que todo o ser deve poder-te cantar, estas as palavras.

sábado, 14 de maio de 2011

o estranho guarda-chuva

No laboratório do instrumentalista, hospício de atmosferas educativas, celebra-se a transformação generalizada pelos cambiantes mutantes de ortografias e biografias.

Homens sem H e mulheres reclusas, das instituições semi-religiosas criam uma espécie de catedral cosmopolita, que mais parece pela confusão, uma torre de babel arruinada, repercutindo propagandas de inteligência, o que já não é mau de todo, às eloquências influentes.

Desdenham,
porque não sabem desenhar, a admiração pela percepção sentimental, quando depois de um dia de trabalho são, banalizadas para os grandes oceanos, dos livros de cabeceira, livros light, que de luz e leveza nada têm.

Estes homens e estas mulheres são dotados de uma extraordinária memória...

memória suicidária!

Esquecendo-se facilmente, da audácia, da importância da palavra e da liberdade de criar e dizer algo que seja.
É compreensível!
E por mais que esboçam honestidade,
o resultado final não é mais do que um rascunho insignificante de um momento furtivo.

Quando se pede uma voz activa, segura, assertiva...

O exigido canto do cisne,
não passa mais do que, um engasgo escandalizado, sem excepções ou ornamento pelo manifesto verificado!
Pedem-se, cordialmente discussões e o resultado são tumultos de canções roucas, um arroto distraído e o eco que se ouve, está claramente infectado por um vírus económico consumista proveniente de um pensamento viscoso egoísta.

Conclusão:
os intervenientes são uns incompreensíveis frustrados.

Todo o homem é construído de pequenas coisas e todas as coisas pequenas do homem fazem o construtivo do ser construído.
Todo o homem é construído facilmente pequeno.
De pequeno se torce o pepino com a esperança de sermos um dia grandes hortas, e nas hortas plantar espinafres será o homem que os come, o marinheiro.

O bom marinheiro é aquele que encontra no ente a libertação.

Sempre fui um bom navegador, também sempre fui um bom homem. Desejar o que dos outros é tido como direito não me parece sensato.

Todo o homem, na universidade dos seus complexos idiomas numa conferência evolutiva, combate harmoniosamente os seus “ eus ” estados de alma pelas profundas vísceras como manifestação de libertar todo o ser pela bílis, mais tarde pelo ânus.

Grita!

Sofrei irmãos da escrita vaidosamente este ímpeto de dor trágico. Enaltecei o que defecais! Porque assim é, íntimo, o filho que sempre vos cheirou bem. Comei os segredos do que extrais, os medos efeitos da arte. E como sempre será desconhecido este satisfazer; as parcialidades do homem.

Já se encontra desgastado o corpo que continua libertando da solidão a repulsa do coração intrínseco assim, para além da carência de marcar estabelecimento entre a palavra dita e a outra, a escrita, encaminha-se pelas sombras maiores do abismo revelando pela igualdade das secreções da garganta com o mesmo idealismo assumido da carne sublime fresca o ser rejeitado sempre com a mesma coragem de prosseguir com lâmina na ferida e ouvir, enquanto esta corta a dor, o seu desejo de escrever.
Que pureza estará este desafogo a conter, delicadamente pensado nos homens. Nos seres demasiados cansados ao ouvido maleável. Procura-se o metal, escondendo-se as facas, anulam-se as promessas feitas antes, sendo a viragem uma música que incessantemente regurgita nos pensamentos.

O homem que sempre foi, rodeado de prazeres, se esvai, ficando como contradição gordo, invulgarmente gordo, involuntariamente pesado, continuando a negar o artista, este ser feito de suposições recreativas.

Por ser assim, mede-se o sono dos dedos tal como a grandeza das interrogações.

A seu tempo,
A seu tempo, a lâmpada brilha mais forte, exuberante é como sempre foi este mundo maldito de necessidades. Procura-se a renúncia e a renúncia é, uma lança flamejante envolvendo um corpo sombrio de interjeições. É, a seriedade inconveniente ao discípulo ínfimo e egoísta, a que se chama:

A cobardia do homem.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Estamos.


Na arte nossa, murmura um livro. Uma canção. Dormem como ninguém outras vozes. As linhas dos dedos pigmentados. Lascas de sementes únicas. Mas eu quero dizer-te hipérboles, ou então, serão borboletas mascando o estômago. Mexendo dentro, agitadas, quando uma breve satisfação contempla, taciturna a noite.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"Batem as folhas da luz um pouco abaixo do silêncio.quero saber o nome de quem morre: o vestido de ar ardendo, os pés em movimento no meio do meu coraçao." herberto helder in Ofício Cantante