Chega-te bem mais perto
para que te apercebas desta loucura
De atirar o coração à dobra da rua
E vê-lo partir em pedaços menores
Porque é assim que levantamos o cio dos dedos
E a normalidade melancólica dos dias
Chega-te bem mais perto
Para que a porta da rua abra as suas veias
e queime este filho da puta
numa viagem desculpável de álcool nos olhos
com o medo de viver mais um dia
porque importam as fomes que outrora tiveram os sorrisos das ilhas e as conchas dos bivalves dadas à terra
porque importa dar aos cabelos o comprimento cinza no sobressalto que encurta o tempo
hoje dou uma colher de açúcar ao corpo poema
hoje dou um poema no corpo de uma nódoa triste de café
e levo um cigarro à boca
hoje tenho-te na varanda com o vento maresia das cegonhas
e nos braços tenho-te
perto bem mais perto para te deitar fora
enquanto observo o tambor da máquina de lavar roupa
a girar
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