sexta-feira, 14 de maio de 2010
quando saímos da rua deitados.
Lavo a mão que se esgota
E saio na barca para a aurora junto da cabeça
Cantando a tarefa dos homens desesperados
Afogando o passo em cada volta de agua
Órfão do verde em sono
E baloiçando deus no leito
Nu, leito da rua selado
Angustia ou desejo tanto faz
Desde que arranhemos a pele no relento
E gritamos a sinuosidade da usura no buraco
Contamos os dias duas vezes
A noite clara e o dia sol
Duas vezes inocente esta hora
Este espaço de hora que se move na sua própria vontade
A passagem bate nos olhos do poeta no coração
E nos pulmões das costas curvadas
Somos a semente
Congestionamos a idade neste momento
E espancamos a lentidão do tempo
Batemos na fertilidade do ar
Nas folhas do morrer hoje
Neste anel de fogo exorbitamos o pão de coisa alguma
Temos o sexo branco no meandro do sangue
Como escavássemos o firme dos nossos remos
Saberemos mais tarde
Que a queimadura na parte exterior da perna esquerda
Vive fragmentos de granito constantes
em bocados sentimentais
E da existência
Partimos as danças ao meio e da garganta dos sapatos
Libertamos as plantas dos pés
A mulher deu-me um livro infantil para a moer
A mão que tocou o seu marfim quente
E a língua que beijou a sua uva canta
Canta as palavras do mar criança
Do velho que coleccionava objectos redondos
O corpo é um peso circular e a ponte é fresca
E prende-se na menina de cabelo amarelo
Amamos a eternidade do vento sul
E a pimenta dos confins da África moderna
Nomeamos as árvores em nosso redor
Bebemos calos do pensamento neste degrau
Transfigura-se a espuma das flores
É o que nos resta na memória saltitar
E por agora somos inacabados
Continuação do encanto jovial
Estamos bem mais gordos quando saímos da rua deitados.
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