segunda-feira, 15 de junho de 2009

Na Entrada Do Abismo

na entrada do abismo
uma frescura luminosa
permanece com orgulho,
aguardando o retorno voluntário dos sons
que se misturam no único lugar do mundo
onde o ar ainda é respirável.
flores poéticas,despojadas por exéquias solenes
erguem-se no catafalco celestial,
cantando um céu iluminado de estrelas.
fabricantes de sonhos, naturalistas,boticários,
e coleccionadores de madrigais pairam no ar...
é este o lugar
onde a música tem uma leveza de encanto.
música que nos fala de amor,de separação,
de beijos doces,do brilho dos olhos
e das benevolências de um sorriso,
aqui onde o estereotipo espreita,
contudo tem um papel inferior
quase desconcertante.
é a beleza dos madrigalistas que encanta
sem ser uma beleza convencional.
na entrada do abismo
não há guerra nem há paz,
apenas libertação
óperas teatralizadas
pelos descendentesdos dois sexos
que
incessantemente
procuram a solidão solidaria
antes do funeral agoniante.

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