sexta-feira, 19 de junho de 2009

é feito de fome

é de pó este corpo liquido
e o cálcio
à memoria do fogo
explode

sono

as veias

a respiração das veias
e os dias sao câmaras escuras

da ave
resta-lhe o sol
no bater de asas

e o poeta
é a erosão das estrelas
uma vulnerável metáfora
tatuando o tempo pelos lábios
dividindo as palavras
as palavras e a casa

devora os ossos
como quem ama as pedras

é feito de fome

o poeta

as aves
e a respiração das veias.

2 comentários:

  1. É fome, é febre, e suspirantes palavras em metalinguagem suspiram = poema! Estou lendo suas composições e impressionadissima com as palavras tecidas e destecidas por aqui, abraços!

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  2. tenho de dizê-lo: é uma surpresa.
    todos os teus poemas nos conduzem a um beco, sem saída, desses que a maior parte das vezes evitamos por receio de nos perdermos dentro de nós mesmos. bom é ler ainda estas saídas, fiel o verbo mudar no presente do indicativo de uma certa morte. obrigada.

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