terça-feira, 7 de julho de 2009

memórias de um amnésico III

jardim.atravesso a janela de pálpebras fechadas. um corpo sensível deita-se entre as flores.descomponho-me numa miserável parasia cerebral.cheguei ao jardim.sou a ultima noite e a vitrina exposta da mesma.levanta-se um delírio surpreendentemente indigente.demasiado cansaço.castigo.este é o método onde posso ouvir de novo os declamadores de sons eufóricos e onde posso gritar à vontade.faz me falta.é bastante comum este ar pesado e incomodo.aberração.minha saude mental é um estudo de reanimação onde se multiplica o homem e o animal, ora um ora outro.cinzento.demasiada cor esta dor de um cadáver cinzento no meu cérebro.podre.cheira-me mal este esqueleto racional.apercebo-me e descobro, da terra deste jardim escondo admiravelmente o que se apoderou do meu corpo.pensamento.mutilação.há um medo experimental como forma de inteligência calculista.outra vez medo.uso óculos para disfarçar a vista de quando olho para os meus pes demasiados pequenos.não uso sapatos.as sandálias de couro castanho voam leves neste jardim.experiência.clímax insano de diversas ideias pré-concebidas pelas plantas dos pes nervosas.propriedade profunda da carne humana.devagar.sucesso da dor.órgãos e retalhos abatidos no inferno do destino plausível.morte.morro mais uma vez. e vomito inanimado por entre caes velhos.caes secos.tecidos podres.prefiro voltar ao quarto.a demora e o sofá.leviandade das orlas metálicas.a dissecação do corpo.a janela e o meu regresso.passagem.lucidez inconsciente que me enlouquece.a influencia da civilização provoca-me nauseas.meu jardim maltratado.voltar.um irritante ruido fastioso.tenho sede.a boca.lábios secos como caes velhos.regresso.estou mais fresco.porem,ainda me ardem os olhos.jardim novamente.há uma espécie de batalha no corpo cerebral.cansaço.preciso como procuro respostas no consciente.observo a cidade do tamanho do mundo.meu jardim.respiro.é importante não entrar em pânico.obedeço a uma gramática proveniente do corpo cerebral.eu.células orgânicas e cubos de gelo.vomito castanho.o ritmo.fantasmagóricos ritmos cardíacos a descamar pelo corpo.monstros.sombras poéticas e macabros libertinos neste abismal regresso.expor sentimentos de gelo e morder mais uma vez assim o vazio.eu.delírio e pele morta.desmaio.regresso ao quarto.ainda não estou morto.ainda jardim.a indiferencia é insuportável e o processo é inadequado.racionalidade.estado febril de uma criatura louca.frio.calor.trémulos dedais e a terra cravada nas unhas.protesto por quem embalou o meu sono.corredor.outros seres que ninguém mais ve.depois do quarto antes da janela.janela que convida a visitar o jardim.historias de pensamentos inconcretos.sobrevivo ao repugnante conforto atribulado.nu.sem corpo.sem mente.sem nada.a casa.

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