quarta-feira, 15 de julho de 2009

memórias de um amnésico VIII

tenho medo de descobrir o que está para alem dos puxadores. o que está dentro das gavetas.sei muito bem o que posso encontrar.sei porque eu nasci lá. nesse espaço escuro foi onde cresci e me fiz homem.nesse lugar escuro.a minha infancia e as primeiras nuvens negras.a chave é o desconhecido desde criança.as nuvens negras de agora foi lá que apareceram a primeira vez.e foi-me perdoado como atenuante com o passar dos anos.memórias.o meu primeiro desgosto foi um momento espontaneo.o coraçao é preso na fornalha. ainda está quente dos dias.a vida deste coraçao nao tem remédio nem obedece a consultas médicas.pela primeira vez a desgraça.ter medo.e de estar só.as gavetas e a chave.portas imaginárias porque nao tenho portas no quarto. e os meus olhos.lagrimas.tantas alegrias aperfeiçoadas com o passar dos anos.sinceridade.seriedade num sorriso de palhaço gago.a respiraçao amacia as dores.meu coraçao sai da fornalha.é o seu primeiro beijo.e é arrefecido pelo gelo dos labios ciumentos.suspiros.como que acorda a corda. acorda.e vai-me passando as inumeras bebedeiras.falho ao encontro de estar só.como falho ao encontro de nao me ter.desejo a anestesia de um agora para que me penetre o corpo triste. corpo que do arquitecto se projectou.a casa.divagaçoes e noite.a casa mimada.um cheiro a morto.a genialidade desta casa é uma orgia de corpos ao cerebro delibitado.a intençao é tocar um foco de luz.cego.faz com que a chave saia de dentro da gaveta.viagem.os puxadores sao cortesoes e ficam enaltecidos com a minha gratidao.tudo está trancado ao nao coraçao.partes do coraçao aguardam no espaço escuro.na gaveta.quantas vezes solicitei aos cortesoes que o coraçao merecia ser reparado.consertado.os pedaços e a carne.tantas feridas e tantas cicatrizes "este velho doente"."voltarei a ve-lo neste mundo?".torturo-me por nao saber da chave que abre a gaveta. o lado de fora.vida.meu coraçao é um mistério cordial.a recusa de medicamentos.as palavras.para quando as exigencias do suicida.este vento.este esperar causa ansiedade.a minha ansiedade é um corpo de gelo aberto pronto para a sepultura. esta ansiedade fria.resta-me como contentamento de ter experiencia no campo medicinal. outras experiencias eloquentes trabalhadas nas horas que passei com a esferográfica.a raça.a razao.o esquizofrénico pede para alugar esta casa.o quarto.a gaveta.os puxadores.os dedos.um outro eu imaginario.adormeço.quem me explica esta realidade.esta nova realidade de ver as coisas.sei que existe uma resposta utopica pelo que já escrevi.os amigos.e quem me diz se devo ignora-lo.o esquizofrénico.o outro eu.deste tormento a dor é um beneficio de satisfaçao pelo sentimento agoniante que cuidadosamente parte com o tempo. no espaço.interminavel esta casa dos ossos. cinza.

2 comentários:

  1. bom é ler cinza e tornar-me fogo. de novo e sempre por aqui... alimento-me do que de mim escreves.

    abraço.

    .mar.

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  2. ..fico.te grato pela visita e pelas palavras deixadas ,mesmo que de cinza..mesmo que de morte sentida!

    beijo Mar.

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