segunda-feira, 6 de julho de 2009

memórias de um amnésico

o meu quarto.o meu quarto tem uma janela para o jardim que eu prefiro mante-la fechada enquanto dormito um resto de seriedade.faz-me lembrar a infância, os jogos e outras coisas significativas.onde adquiri o controlo e o consolo de estar em concordância comigo mesmo.loucura.estou farto desta demência como a proibição de dar um grito bem alto.é madrugada.ainda tenho a ferida de olhar para o por do Sol, de olhar o sol de frente.foi violenta a noite de ontem, antes ainda comia batatas fritas e bebia um cerveja bem fresca.um sofá.andava eu descalço entre o frigorífico e a cama.descanso no sofá.carrego na aparência uma repulsa dos dentes e como ofegante como nunca mais irei comer.melão.sem réstia de amabilidade construi uma casa no meu quarto.jardim.retorno.tenho agora a força de contrariar e me fazer ver que qualquer aventura dos homens não serão suplicas capazes por me suportar.a agonia dos dias.ninguém passou por mim.este desfalque,a vigília e a noite.adormeço.à semelhança do sangue provo uma gelatina de morango e regresso ao sofá como intermédio do sono.há uma má intenção de quem fica acordado para alem da noite.adormeço.musica e Rodrigo Leão.rosa.detesto a avareza como detesto o desconforto de viver numa casa imaginária para que possa descarregar o sofrível e saber das suas causas.(falarei do jardim mais tarde).parte de mim morre.provavelmente o sentimento mais preocupante seja a culpa.existir.movo-me e sei que ainda existo.ainda habito neste labirinto de sensações.naturalmente grito e os meus pulmões não rompem.vazios.casamento.há um movimento cultural que une e desune um dever bastante mastigado.estou de castigo.na casa.não caso.meu caso.minha vida é uma casa imaginária.arrasto-me com o sentimento de culpa por não contrair o matrimonio.sofrer.sofro sozinho.inesperadamente a minha educação foi suficientemente boa.sofro.sofro sozinho.banho.tomo agua fria pelo corpo.azulejos azuis e os nervos provocados pela ansiedade de ter queda de cabelos.cabelos brancos.saúde.disfarço o destrutível dos ossos abrindo caminho à fome.sabe bem uma laranja e uma maça bem dura amaciando as gengivas.de volta ao quarto.as experiências da vida instituiram-me como sem ferir demasiado o orgulho e até sinto com uma certa vaidade. as indiferencias que outros anos por mim passaram.escrevo.escrevo o que me perturba, faz parte da minha natureza que assim seja.desenvolvi esta técnica em poemas soltos e no diário.uso a escrita como tentativa de fuga e depois adormeço, deixo-me domar pelo cansaço.já faz tarde.o dia nasce.

Sem comentários:

Enviar um comentário