quinta-feira, 18 de março de 2010

não há homem agora nem sequer noite

já me foi imaginado o amor nos ossos no peito
do homem que se entrega às dolências da rua sem candeias.
já fora morto este homem que tu bem conheces
das noites vazias em lume
quando se atirava às luzes estilhaçadas de outras bocas .
não há homem agora nem sequer noite,
sobretudo existe cansaço da espera.esta,
minha e tua.
na memoria resiste apenas chuva e sol,
o que chora e o que queima a própria memoria
.por onde vamos nós
,minha amiga das palavras de dor e sangue
e a quem nos pertence este jardim de versos intermináveis.
gostaria de encontrar um pretexto
para dizer que não te amo.
estaria a enganar o corpo e o coração do homem,
estaria a deitar-me na rua nu,,
ou estaria eu a inventar vestes num corpo
e num coração que é teu.
já me preocupei mais com os alicerces da vida,
já me dei a outras sombras miando no vazio
.meus dedos agora são chumbo,
são árvore com a desculpa de morrer só.
também sei que o azul das ondas do mar
onde as sereias te cantam
te comem os dentes e depois o leito.
e que não existe outra solidão que não esta que te geme o escrever.
queria partir hoje,
beber-te na insónia tal
como beber-te o interior do corpo.
é o que faço agora afinal,olho-te simplesmente..
dizer-te que a cidade onde sou extensão, não te espera,
é dizer-te que a minha existência é
apenas um lápis que te escreve ,sem sonhos.

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