domingo, 13 de junho de 2010

o amargo de outras roupas despidas no corpo

neste hoje
lembro-me do cheiro de fugir para dentro dos búzios
e ouvir o silencio de outras presenças,
outros grãos vivos,
sinto medos criados a partir do cigarro adormecido nos dedos,
quando penso
na insónia a percorrer todo o corpo
com o mesmo desejo de morrer só.
repito a palavra amor submersa na tempestade.
Amor,
por vezes,
o silencio ri do homem
outras vezes nem o silencio bebe o homem que o produz.
queria ao dobrar da esquina,
sorrir-te.
queria a dobra do teu sorriso ao ver-te.
por hoje ,neste hoje,
o algodão do que a tua pele expele é pesado.
ferida aberta de asco que outrora beijei.
Sinto,
Desprezo de outras madeiras na boca dos seios.
neste hoje,
viro-me ao contrario na cama que também foi tua,
e faço deste avesso do corpo a volta,
a procura da ferocidade dos que calam,
espero que ela me chegue até ti.
Demasiada dor, esta ausência consentida.
Demasiada vida no tempo que foi.
Pensava eu no sossego dos dias,
Na vivacidade da ria formosa.
Mas,
Ao procurar-te o vinho trazia azia,
o amargo de outras roupas despidas no corpo.
Neste hoje,
Queria cuspir em toda filosofia de vida,
Queria fazer uma cicatriz no interior do peito,
Abraçar o homem que esquecemos na praia,
E esconder-me de ti .

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