domingo, 15 de novembro de 2009

coisas da memória sensível ( o rapto)

outros tempos de tranquilidade tive.outros tempos o amor pulou para dentro do meu peito.quase me ia sufocando.ninguém,mesmo ninguém o deseja receber assim.porque magoa o convencimento interior,de que nada nos surpreende.próprio dos amantes; somos iludidos por quem nos leva,neste caso,por quem nos trás a felicidade.é um beijo que desejamos,que nos prenda para alem do tempo.que perdure para sempre.e sendo mais que um desejo,é o amor.é uma lua cheia que transparece cá dentro.e a espera é a sua confidente.um segredo,por uma fracção de segundo.a sua presença voa sobre as pétalas reluzentes.tudo num todo brilha.e nós homens agradecemos a sua mão amigável.nunca uma manhã se tornou tão suave.tão radiosa.é mais do que carne,o amor.é a sua fragilidade que nos permite agarra-lo com mais força.talvez seja para justificar a sua benevolência.tudo isto penso ,enquanto desço as escadas.atrás de mim deixo o quarto.enquanto ela dorme.uma sensação de fraqueza adorna o coração,como que o penetrasse.e a sua boca desprende-se,o aroma da terra suave.o jardim.pena eu sentir tudo isto tão tarde.já a esquina da rua separava-me e distanciava-me.do que deixei para trás.ao menos pudesse voltar atrás.voltar a beijar os seus lábios.dar-lhe-ia tempo.agora,irei dormir um sono.irei dormir o amor.lágrimas de desespero ardem-me por dentro do peito ferido.corro agora,como um tresloucado.entro no café e peço um brandy e depois outro.que conforto sentir o álcool invadir as veias.assim,adormeço o amor.e o que ficou para trás.a imagem da mulher fina alimenta a memória sensível.de resto,costumo terminar da mesma forma.percorrer a artéria principal da cidade adormecida com esta ferida aberta no peito.sei que o desejo desperta o amor.é perturbante esta sensação de que o estou a raptar.talvez seja esta a forma de mostrar quanto a amo.talvez seja esta a forma de mostrar quanto se ama.este egoísmo,talvez.canta de dor uma rapariga demasiada real em meu pensamento.uma névoa aperta-me o olhar.seria agradável beijar-te agora de felicidade,amor.e os meus olhos choram agora,provavelmente.não há duvida que é com o amor que provo a minha existencia.e se alguma dúvida houve,dissipou-se.

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