quinta-feira, 12 de novembro de 2009

coisas da memória sensível ( a fuga)

beijo-lhe as mãos e peço-lhe que me siga no murmúrio do mar dentro e no vento do corpo de um ainda.é deste conhecimento que habita a memória sensível de uma outra vez.é assim que resiste ao tempo,este monstro.ao crepúsculo,mergulha em nevoeiro liquido.digo liquido, porque encharcou o rosto,este rosto que eu toco e beijo com as minhas mãos de sal.encontro-lhe,quando o beijo,as cidades que partiram para outro existencial.decerto, também o seu corpo partia.porque transparece luz a sua forma.respira a maresia.nunca soube quanto a amei.também nunca lho disse.dentro, trago-lhe este amor.o que consome por dentro e alimenta a carne.e o meu instinto levou-me a senti-lo lento.é assim que devemos aguentar,o amor.que se esquiva sempre que o sol rompe a janela e atiça as pálpebras.preparo a fuga,tal como as cidades que se mudaram ,para outra casa.assim não mancho a noite ou o que dela resta.bem lá no fundo,poderia olhar novamente para aquele corpo, que deitado dorme.o amor.mas não tenho a coragem.sou tal como as cidades que à noite se cobrem com luzes artificiais e que de dia aguardam que as pessoas lhe sujam os pés.reflectido,liberto um sorriso. e deixo-a dormir.não quero a sua súplica nem a minha cobardia.poderia quebrar e talvez nunca mais alimentaria este monstro,este amor que vive por dentro.porque sou como todos os românticos que vivem as horas nos balcões dos cafés cinzentos.que afogam amor pela fragilidade que lhes come o coração.e cantam canções, do homem-dúvida e os seus sentimentos. é este o ardor agitado que se sente quando se fala de amor.todo o homem que ama é tolo.por isso fujo.fujo com a certeza de mágoa e de mal-estar mas só assim conservo este sentir amor.se não o fizesse agora outro tomaria o lugar deste e um outro ainda o lugar do outro que se apoderou do primeiro.sim! porque a amo.e porque não acredito no amor para sempre.porque acredito no amor para sempre, incontável.deixo-a assim.e procuro outra casa.outro café onde posso beber as suas memórias.faço-o, porque sempre alimentarei este desejo,este sentimento.é sempre de manhã que a ela sou subordinado.poderia mata-la mas também eu morreria.melhor será partir.

1 comentário:

  1. ser poeta até nascer, está no horário dos comboios e noutras merdas com cara belo o vinho desta noite,nada supera o luxo da azeitona na bolacha com chouriça, na fala e no pensamento e na fala e mais pensamento, esta é a era do bagaço e dos frutos despidos, há vidas que têm boca...de nada serve o mar depois das montanhas...a noite não tem dia.

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