sábado, 12 de dezembro de 2009

a morte é vermelha

partes isolado,no segredo de quem vive o silencio.no sonho de quem se entrega ao lençol das palavras sangue.és o teu diário.e escorregas para um lugar por ti seguro e escondes-te.porque o cao canta no precipício aguardando o passo.basta apenas um passo.e beija-te a chuva que tão bem conheces.sabes que és da sua matéria.és as suas ruínas e o seu sangue.sabes que és tu o cao que canta por dentro.e com as flores dos outros cobres este animal.e cultivas no sangue esta pedra.pássaro que assim vive.dentro do cao que canta dentro.dentro,desprende a sua voz.o cao canta e voa.
vem a noite mais uma vez e tu nada dizes.a ferida está viva na garganta de lodo e luz.pegas no corpo breve e mergulhas-te no marfim das flores.é assim que acalmas as feridas de quem ama.no principio,bastava chorar um pouco. agora,um cao canta e voa.sei que mentes enquanto escavas palavras para lamber-te as feridas.o cao também voa.e o seu coração é uma asa onde tua voz pode adormecer,aconchegada.enquanto isto,procuras polegares de quem morre.foste tu que incentivaste a morte.num beijo nu.a morte é vermelha,disseste.

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