sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

tens um cao dentro de ti

confesso que me envolves,sempre que deslizas os teus dedos sobre as palavras.o cao quer cantar,dizes tu.no branco linho,na boca da floresta carnal.
e na arvore que carregas nas veias.silabas dobradas pela dor e chuva-fosforo incendiando os teus medos.quem cantamos nós,agora?
o amor perfurou uma parte do peito e dividiu-a.uma parte de ti levanta-se da cama febril com um centurião na garganta.queres que saiba o que sentes e por isso gemes cada uma das flores oferecidas.foram os que por ti passaram.e espalhas o sal pelo meu rosto de papel.
uma vez,uma voz bateu-lhe à porta.o cao quer entrar ,pensaste tu.e não reparaste que já dentro de ti ele habitava.capaz de te secar as chuvas.montar a ansia do fogo.e comer-te o silencio.tens um cao dentro de ti.
é ele que te vende o amor e o coração.a tua cidade.e o sono que te embala, é porque o cao dorme,dentro de ti.desejas acordar com um país erecto na boca.uma língua sorvendo as ruas da tua europa.salivas,a tua língua.e a tua boca.já fizeste esta viagem várias vezes,penas.e arrastas para ti outros braços.alugas quartos e cantas outros corpos.mas não sabias que,as arvores também nascem nas pedras áridas.como podias saber que nem todas as sementes morreram.uma,uma delas fecundou o teu peito.dois corações no teu peito vivem agora.e o cao quer cantar.preso às coisas tristes da janela sensível.na cidade que te fecundou a arvore.as estrelas também morrem-pensaste.como que, as querias apagar.sao putas.sao putas como tu que brilham no mais escuro da noite.que se dão ao prazer do fogo.e tu querias ser unicamente estátua.agonia-te esta sensação de sentires tesão.o cao canta dentro de ti.outros atravessaram o teu jardim,inúmeras vezes.nunca os amaste.mas sempre soubeste a razão.por isso bebias o liquido espesso das suas bocas e alugavas o teu coração.fazias tudo isto porque o cao dentro de ti precisa de cantar.e tu gostas dele.por isso não o expulsas.tens um cao dentro de ti.

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