confesso que me envolves,sempre que deslizas os teus dedos sobre as palavras.o cao quer cantar,dizes tu.no branco linho,na boca da floresta carnal.
e na arvore que carregas nas veias.silabas dobradas pela dor e chuva-fosforo incendiando os teus medos.quem cantamos nós,agora?
o amor perfurou uma parte do peito e dividiu-a.uma parte de ti levanta-se da cama febril com um centurião na garganta.queres que saiba o que sentes e por isso gemes cada uma das flores oferecidas.foram os que por ti passaram.e espalhas o sal pelo meu rosto de papel.
uma vez,uma voz bateu-lhe à porta.o cao quer entrar ,pensaste tu.e não reparaste que já dentro de ti ele habitava.capaz de te secar as chuvas.montar a ansia do fogo.e comer-te o silencio.tens um cao dentro de ti.
é ele que te vende o amor e o coração.a tua cidade.e o sono que te embala, é porque o cao dorme,dentro de ti.desejas acordar com um país erecto na boca.uma língua sorvendo as ruas da tua europa.salivas,a tua língua.e a tua boca.já fizeste esta viagem várias vezes,penas.e arrastas para ti outros braços.alugas quartos e cantas outros corpos.mas não sabias que,as arvores também nascem nas pedras áridas.como podias saber que nem todas as sementes morreram.uma,uma delas fecundou o teu peito.dois corações no teu peito vivem agora.e o cao quer cantar.preso às coisas tristes da janela sensível.na cidade que te fecundou a arvore.as estrelas também morrem-pensaste.como que, as querias apagar.sao putas.sao putas como tu que brilham no mais escuro da noite.que se dão ao prazer do fogo.e tu querias ser unicamente estátua.agonia-te esta sensação de sentires tesão.o cao canta dentro de ti.outros atravessaram o teu jardim,inúmeras vezes.nunca os amaste.mas sempre soubeste a razão.por isso bebias o liquido espesso das suas bocas e alugavas o teu coração.fazias tudo isto porque o cao dentro de ti precisa de cantar.e tu gostas dele.por isso não o expulsas.tens um cao dentro de ti.
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