quinta-feira, 24 de setembro de 2009

teu casaco castanho

gosto do teu casaco castanho
mesmo que sujo da lama de ontem
e das tuas orelhas mágicas de jumbo
(até quando as moscas com elas vivem)
gosto dos teus pés e das tuas maos
porcaria do tempo em tuas unhas desfeitas
e do monturo do teu corpo
na lixeira da tua casa sem casa

pudessem!

todas as palavras sentidas com amor
cingissem com os seus braços
o teu casaco castanho
as tuas orelhas mágicas
os teus pés e tuas maos de fome
e aconchegar o teu corpo
com o calor dos substantivos
de nao terem mais lágrimas...

pudesse!

que este poema mesmo que nada
dê-se para ser leite materno
para saciar tua sede (ao menos).

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