sábado, 26 de dezembro de 2009

que poderia eu dizer deste acordo nosso antigo.de outra forma,dizer que a amo espalhava-se em salpicos de deliciosas palavras para depois partirem em lábios molhados.se corresse bem,dois corações encandeavam as ruas que o templo do espírito pedia perdão.e por essa razão,deixamos que nos apertem as mãos.e o crepitar do lume vem com o meandro dos dentes.e nós somos agora uma pá cheia de medos.ainda que,não tentamos o suficiente.avançamos para alem de um pequeníssima semana.e que amor tombou no primeiro impresso do dia.eu sigo.organizado e dialogando com o próprio coração.ver-te-ei depois da morte.e dormirei contigo.até lá,seguro nos dedos este arrependimento e remorso,pelo amor, mais e mais devemos fazer.pelo amor que acreditamos.pelas ruas,já apagaram as candeias.pelas janelas,as sombras transcendem em frente às cortinas.todo este cansaço ao frio.todo este coração antes de ser sombra.é um momento de infelicidade este.um momento ruidoso antes de ser sono.eu,como fortuna terrestre admito-o.um sopro de luz pela aorta da memória.e sigo este remorso, por ter ainda mais vida.que outro coração lambe das ruas, a tortura.que outro corpo recorda no seu rosto,o amor.e eu,que altivo recordo, entre vozes:
- este é o amor que tive,da idade própria de o ter,de um homem em flor que o criou.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

noutra voz que nao esta

queria falar contigo ,noutra voz que não esta.estou cansado deste miar de gato.do alpendre e da janela de cinza.estou cansando da cor,da mesma cor que a minha voz mija.e estou dobrado neste silencio.neste movimento abstracto.quero um novo coração.que surja da palavra abandonada.a mesma que não te disse.porque só assim mantenho vivo este mar.este que te escolheu quando te encontravas sozinha,á procura das sereias,no centro do sol.teu corpo,é um homem que virou as costas ao mundo fantástico.ainda te espero num outro telefonema.de pupilas atentas e com a mão no sexo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

memórias de um amnésico XII

no meu interior sei que é mentira.a mentira do homem comum.o homem mortal.o homem feito de carne.o homem feito da pedra.do osso.depois da cinza.esse também.e o monstro.irei procriar o monstro.a constituição do homem comum.e faze-lo suar.para depois me desprender do seu choro.vou-me também,despedir das sombras.da embriaguez das mesmas.dos seus aromas e cheiros.desses outros seres.compreendo o que esta para alem da minha vontade.recordar o porque recordo.deixarei o lacrimal para um depois.e a neve dentro do meu corpo.e a neve dentro do meu corpo.só caindo inanimado consigo o retorno.todas as viagens e todas a virgens.as sombras.a sepultura e o jardim.não desejo de alguma forma este talento.a capacidade de voar entre e dentro das sombras.a construção de outros cenários e a desconstrução do espaço e do tempo.minha inquietude é este lugar.agitado.lugar onde me alimento das sombras.porque as sombras sao o vazio.vazio de um nada que arde.porque o vazio sugere o amanha.porque é da ausência que falo.tenho nauseas quando me alimento das sombras constituidas pelo arquitecto.ele também é pedra.a solidificação da agua.este corpo.esta sede do ainda.aglutinaram as carnes e sao ausências.meu espaço vazio.meu espaço comido pelo tempo.meu tempo comido pela ausência.não há mais nada neste quarto que arde.arde sozinho e com ele as sombras.os outros personagens de linho.assim, me despeço do morto.dos que ardem.dos ausentes.descalço-me desta capacidade de progredir no tempo.não há tempo no espaço ausente.não há espaço para o tempo. a pedra arde.o arquitecto sugado pelo fogo.

uma porta existe agora.uma porta inventada do nada.da ausência.uma porta fechada mas não trancada.um espelho em frente da mesma.meu rosto.meu corpo aconchegado em si mesmo.espelho.e pensamento.é preciso viver para alem das coisas boas.é preciso vingar as coisas más e toma-las como boas.

memórias de um amnésico X

sombras.descobri enquanto lavava as feridas do corpo liquido que as sombras também se despem enquanto duvidas.as paredes tornam-se estáveis à minha volta. é escuro.estou em reunião familiar com todas elas.as sombras.fêmeas que se deitam no sofá.local solitário.o meu lugar.o meu espaço no tempo.desvio o cheiro a sexo para a janela.do outro lado o jardim.ao lado deste o corredor.dentro do quarto uma cómoda.a gaveta e as escadas.amacio este lugar intermédio enquanto espero.sao murmúrios.uma vez mais .há um discurso que até poderia ser o mais indicado mas apresenta distorções.não é um bom discurso.ruidos .não gemidos.ruidos.reconheço-lhe a voz.uma outra sombra.há muito que andava em viagem. há muito tempo que andava desaparecida.regressou.a corda do enforcado.metade das pessoas que conheço teem medo de serem abraçadas pelo tempo.outras procuram no tempo um abraço.minha residência é dada a carências.chocolates e morangos.encontro-me só e muito triste.só, porque não poderia ser de outra forma.só assim escrevo.triste.não há razão para tanta tristeza.talvez seja dos anos.comemoro-os só, unicamente só.há uma maldição para quem escreve.vingo-me assim nos momentos decisivos.é a altura de sufocar o medo.preciso da corda.sinto uma satisfação por o conseguir.estar preso a estar só.esta solidão por estar triste.a tristeza sobrevive nas veias como o sangue.tenho várias feridas abertas.pensei que fossem desaparecendo com o tempo.engano.tudo não passa de um engano.tudo não passa de uma questão de espaço.tenho o meu corpo todo rasgado.envelhecido porque pensou em manter-se jovem.saber envelhecer.estou cansado.cansando este novo saber.conhecimento.uma esfera pequena protegida por uma orla de ignorância.quando mais conhecimento mais a esfera dilata-se.mais a sua superfície toca na orla ignorante.cave.escadas de vidro que vão dar à cave.

memórias de um amnésico IX

acordo.o sol já se deitou faz tempo.sobrevivo à claridade solar como sobrevivo ao principio da noite.candeeiro.apenas este candeeiro.esta luz.os outros.nasci de parto natural.comigo nasceram também os outros.tal como eu foram ganhando formas de se pronunciar.cinzas.estão espalhados pela casa.corredor.escadas.janela.jardim.cómoda.gavetas.sótão.cave.todas as divisões possíveis e as que ainda faltam inventar.sao representantes dos sonhos .meus sonhos e meus pesadelos.minha felicidade e minha melancolia.túmulos metafísicos e psicanálise.sao estátuas e sao pedra simples.túmulos e suicida.incendiários.um.aparecem sobretudo transvestidos.homens e mulheres.cavalos e sapatos.pés e unhas.deslocam-se através do vento.através da noite.do quente.da estação.quantos partiram e não voltaram.quantos regressaram de outras viagens e fundiram-se noutros que ainda não existiam.criador.um.sombras.residentes no meu quarto.uma teia de aranha no canto superior direito.de frente para atrás da janela.janela de frente.detrás para a frente da janela.sombras.teia de aranha.sombra de luz.singular refeição que me acompanha.sombra de luz.também é dela que respiro.e sou aberração.não é fácil ser aberração neste espaço.somos tantos.distinção.outros de mim revoltam-se de inveja.sombras agitadas.sol.a poesia morta.a poesia é nocturna neste quarto perto da cómoda constituída pelas gavetas que teem puxadores.gaveta aberta.corredor.escadas de vidro.cave.a um sol desconhecido pelos meus olhos ,divago.aguentarei nas asas de um pássaro solar.quando a solidão me visita.eu.eu mergulho bem do alto da lua e me deixo abater antes de tocar no espaço.neste quarto.assim chego às pessoas esta pedra.este cérebro cansado.a necessidade deste tempo é exorcizar este medo.só.unicamente só.o meu corpo.a minha mente.o meu entusiasmo de escrever.funciona exclusivamente quando se arrasta como merda colada nas solas das sandálias.e voa.ora para aqui ora para ali.parece um saltitao.este entusiasmo panasca.divido o meu tempo com o silencio com a dor com o medo e com a solidão.sou único.o medo aumentou e o meu cansaço também.ambos colaram-se como carraças às minhas células cerebrais.um outro espelho.da boca vomita um desejo carnal de comer.quero comer.quero comer-te o cérebro.que me sirva de cobaia este corpo que me acompanha ao longo do tempo.neste espaço.como.acordei a um agora de um pesadelo.pensamento.unhas dos pés arrancadas e comidas pela boca do espelho.arrota a podre.os meus pés mortos.sem pés.foram comidos.sou bombardeado por imagens de cariz sexual.pornográfico.físicos vigorosos.fêmeas famintas de carne.sem unhas e sem pés.o sótão.desconheço a obediência da minha idade para estas coisas.o meu tempo.

retorno a casa

já é tarde,digo eu.enquanto, as mãos lavam as poeiras de outras magoas.e o corpo nocturno está cansado de ser constantemente usado.devoradores de plantas ósseas comem a sonolência e o coração das cidades etéreas.e a dor vem em telefonemas de tosse e rouquidão de quem salta o amor.debruço-me assim neste vento gélido e deixo que os grãos vivos desta ferida sosseguem-me por momentos.retorno a casa.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

casco dos cavalos

gostava que me dessem asas,
depois que me ensinassem a voar,
contudo,
na gaiola passo parte,
grande parte do meu tempo
e o tempo gasto constroi-se
com sorrisos
e nao com o casco dos cavalos
a pesar-nos as asas

a menina dos meus olhos

é da calcificaçao da gaveta
que a memoria ficou com a ferida aberta
e dela
o sangue nao parará tao cedo de verter
tenho por vezes
pena da beleza da menina dos meus olhos
é que teima sempre em chorar.

sol de inverno

o que nao toco
diluiu-se
pela corda da sofreguidão
há quem seja sal
na noite em que se deita
eu continuarei
a ser um sol
de inverno rigoroso feito

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

o sal sempre derreteu gelo

descobri que a pele muda sempre que uma parte de mim morre.e numa respiração leve, guardo-te com as outras estrelas.recordo-me agora do lugar.assim,não preciso de te levar comigo.vivemos apenas o acaso de um universo expansível,nada mais.e as respostas,estão ao fundo da rua.foi onde me deixaram construir um sorriso.houve tempos que pensei em te mostrar mas tu encolhias os braços.ainda recorro várias vezes a um local que só eu conheço para montar sentimentos nas veias de quem gosto,depois...depois esqueço-me do local onde estive.
-sempre me demorei pouco em espaços curtos- gostaria de te ter mais tempo.mas uma personagem se ausentou do cinema mudo.ou estará perdida entre dois espaços simultâneamente.não o creio nem o desejo.assim parto.coloco no pescoço o cachecol do norte de África e nos ombros o meu casaco militar.faço-me assim ao principio da rua.sei que o frio que se faz sentir tomará conta do meu corpo. e eu irei chorar.por isso,não te preocupes.sabes bem que o sal sempre derreteu o gelo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

outra cidade findará e com ela morrerão as pedras e a calçada debaixo dos pés.estes que já estão mortos por nada sentirem.deus alugava uma estranha flor que só á noite abria as suas pétalas e me entregava o seu coração.deus morou na rua que tu mandaste cinzar.morreu nos teus dedos silencio.e eu morri com este som intenso ,com este arfar demasiado amor.fechou-se assim a noite e o seu sorriso.porque coseram a boca,a tua boca e taparam-me o nariz,para que não nos pudéssemos beijar.

porque nao choras um pouco (reed)

de onde vem esse teu medo
que me maltrata e manipula

algoz!
não me apanhas assim tão facilmente

marioneta de fogo e cinza
e os cavalos que nos calcaram fogem

pois não teriam estas paredes vazias
outro significado

os corpos de lama
são facilmente modelados
são nossos corpos
na vala esquecidos
maltratados

e o tempo
passa agora devagar
montando o unicórnio de cor prata
e num gesto sibilar
afasta o corpo da alma
numa dor que sodomiza
numa dor que quase,
quase me mata

magoa-me ver-te assim
tão triste tão incompleta tão só

porque não choras um pouco
porque não choras um pouco

sábado, 12 de dezembro de 2009

a morte é vermelha

partes isolado,no segredo de quem vive o silencio.no sonho de quem se entrega ao lençol das palavras sangue.és o teu diário.e escorregas para um lugar por ti seguro e escondes-te.porque o cao canta no precipício aguardando o passo.basta apenas um passo.e beija-te a chuva que tão bem conheces.sabes que és da sua matéria.és as suas ruínas e o seu sangue.sabes que és tu o cao que canta por dentro.e com as flores dos outros cobres este animal.e cultivas no sangue esta pedra.pássaro que assim vive.dentro do cao que canta dentro.dentro,desprende a sua voz.o cao canta e voa.
vem a noite mais uma vez e tu nada dizes.a ferida está viva na garganta de lodo e luz.pegas no corpo breve e mergulhas-te no marfim das flores.é assim que acalmas as feridas de quem ama.no principio,bastava chorar um pouco. agora,um cao canta e voa.sei que mentes enquanto escavas palavras para lamber-te as feridas.o cao também voa.e o seu coração é uma asa onde tua voz pode adormecer,aconchegada.enquanto isto,procuras polegares de quem morre.foste tu que incentivaste a morte.num beijo nu.a morte é vermelha,disseste.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

tens um cao dentro de ti

confesso que me envolves,sempre que deslizas os teus dedos sobre as palavras.o cao quer cantar,dizes tu.no branco linho,na boca da floresta carnal.
e na arvore que carregas nas veias.silabas dobradas pela dor e chuva-fosforo incendiando os teus medos.quem cantamos nós,agora?
o amor perfurou uma parte do peito e dividiu-a.uma parte de ti levanta-se da cama febril com um centurião na garganta.queres que saiba o que sentes e por isso gemes cada uma das flores oferecidas.foram os que por ti passaram.e espalhas o sal pelo meu rosto de papel.
uma vez,uma voz bateu-lhe à porta.o cao quer entrar ,pensaste tu.e não reparaste que já dentro de ti ele habitava.capaz de te secar as chuvas.montar a ansia do fogo.e comer-te o silencio.tens um cao dentro de ti.
é ele que te vende o amor e o coração.a tua cidade.e o sono que te embala, é porque o cao dorme,dentro de ti.desejas acordar com um país erecto na boca.uma língua sorvendo as ruas da tua europa.salivas,a tua língua.e a tua boca.já fizeste esta viagem várias vezes,penas.e arrastas para ti outros braços.alugas quartos e cantas outros corpos.mas não sabias que,as arvores também nascem nas pedras áridas.como podias saber que nem todas as sementes morreram.uma,uma delas fecundou o teu peito.dois corações no teu peito vivem agora.e o cao quer cantar.preso às coisas tristes da janela sensível.na cidade que te fecundou a arvore.as estrelas também morrem-pensaste.como que, as querias apagar.sao putas.sao putas como tu que brilham no mais escuro da noite.que se dão ao prazer do fogo.e tu querias ser unicamente estátua.agonia-te esta sensação de sentires tesão.o cao canta dentro de ti.outros atravessaram o teu jardim,inúmeras vezes.nunca os amaste.mas sempre soubeste a razão.por isso bebias o liquido espesso das suas bocas e alugavas o teu coração.fazias tudo isto porque o cao dentro de ti precisa de cantar.e tu gostas dele.por isso não o expulsas.tens um cao dentro de ti.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

também eu morro ,em cada gota de chuva que brilhou e se estende agora no chão.no lugar mais perdido do corpo encontrarás meu coração.que dizes tu, quando uma voz morre na imensidão do mar.sempre pensei que a dor se deve beber devagar e não na velocidade que quebra o ramo, em dias como este.porque o negrume da noite devora a alma.e sinto-me na verdade cansado, deste grande cinema que é o amor.já não há espera, apenas certeza.

Diário de Maria Cura

cheguei ao interesse deste livro através de duas pessoas, FreitasAntero e Moreno.
(um abraço aos dois.)
falo de um policial,digno de autores,tais como os que escreveram "crónica de uma morte anunciada" (Marques)) ou mesmo "o terceiro homem"(G.Greene) .
apercebemos-nos do género desde a pág 6 e que nos é dissipada todas as perguntas que colocamos ao longo do enredo apenas, na página 109.e quando tudo está resolvido (pensamos nós) uma outra surpresa é-nos lançada pela janela do epílogo.destaco a idade de Maria Cura, tem a minha idade.
e a curiosidade sexual, não creio que seja uma cena que por aqui li,como uma coisa pornográfica ou erótica...parece-me mais que o Torres se preocupou com a normalidade que nós (homens e mulheres) fazíamos na altura da escola.nem mais exagerado nem menos belo.(cap2.pag.12) no cap 3 ,a descrição de uma jovem adolescente com todas as vicissitudes como o autor diz a certo momento "Maria ardia" pag 15.e a sua viagem à descoberta do sexo,não quimérico mas pratico.
no capitulo 4 pode se afirmar que Maria é uma mulher feita procurando aventuras e a sua perversidade e gozo das mesmas.
no cap.6 a Internet e o diário e a interligação a um real virtual,passo a explicar ..em luso-poemas encontra-mos de facto o diário de Maria Cura..o que enaltece sem dúvida esta ideia mágica da construção das personagem...o escritor neste caso foi extremamente feliz ..e o resultado é todo este capitulo. nós,como usuário do luso-poemas entenderemos melhor.fomos privilegiados neste policial,como que o autor deste livro nos quisesse agradecer.
o que mais gostei neste livro foi o cap.7,não porque nutro de um interesse próprio por coisas mais melancólicas mas sim pela capacidade e carga dramática do escritor ao longo da pág 45

" não olhou para atrás à saída,se o tivesse feito teria visto o seu próprio corpo dobrado sobre a sepultura,chorando." (cap.7 pág.45).
no capitulo 10 assistimos a uma cena extremamente bizarra,o sofrimento e loucura de uma mãe,
-até onde nos leva afectividade e a perda de alguém que nos é querido?

capitulo 11 uma primeira suspeita.
no capitulo 12 uma outra revelação surge,constrangedora,de facto,algo digno de um Eça de Queirós pelo enredo e situação.cap.13 o escritor promove o nome de "Maria cura" subtilmente...com a gata..quando esta se chama Maria e no final do capitulo,completando-a através da frase "fosse isso razão e cura".
cap.14 o reencontro com o seu primeiro amor e,uma tragédia acontece,a viuvez.
"foram sonhos a cores,com cheiro a liberdade"
cap15 afinidade entre dois bons amigos..tal como deveria acontecer na realidade.
(pag.88)que de resto, continua no capitulo 16 ..a relação entre pai e filho com o estádio axa no papel de fundo.muito bem conseguido estes dois capítulos.até ao capitulo 19 o confronto de gerações..de 3 gerações concretamente.no capitulo 19 a preciosa ajuda de uma personagem..curiosamente tem o nome de uma personagem de Eça de Queirós..digamos que José Torres presta homenagem a um imprescindível escritor da língua portuguesa.também ele o é ...com este policial o confirma.

a ti Torres um Grande Abraço.

Caopoeta.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

o engate

não tenho tecto neste sentimento de dúvidas que trago comigo,também se encontra vazio.o vento fora decapitado.pernoita agora a secura dos ossos viajando muito longe, para um universo de incertezas.morro.e uma língua insuspeita cobre o teu rosto para que me faça ouvir.não me pertence mais, este fogo que aquece teus dedos.a floresta chama por mim,tal como o inverno te seduz para outros engates.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

agora sei a cor que quero guardar na retina da árvore.a cor do que sinto pelos teus olhos quando os tenho.porque o tronco desta árvore à muito tempo bebe o teu corpo liquido.e para a sua boca caminha esta afinidade.com te explicar que a noite traz-me aperto e que bate um vento frio cá dentro.é por esta razão que tenho que te dizer.
-que pássaro és tu que me escapa tanto.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

nenhuma palavra
poderá substituir o que o coração sente
talvez o seu gesto seja abraço
para melhor conforto

-porque vivemos recusas e retornos
no meu tímpano
uma circunferência equatorial
a tua voz
uma esmeralda verde
-que dizes tu?
Bom dia
aos nenúfares de gelo
-pensou ele
e deitou os braços ao mar
nunca a solidão invadiu
a fome silencial daquela forma
cinza dos cigarros por dentro do cosmos
fogo de carne zarpando nos cometas sóis
pergunto-me

porque te criei
na pedra infértil que deitei fora

porque és a matriz
onde
a organogénese
apenas é uma paráfrase
do que deveria ter sido
a boca guarda

os silêncios lançados
como gritos de mãos dadas
às respirações


a noite bebe-a
sempre te amei

outras vezes neste silêncio
no tempo em que não existem dúvidas

de manhã
no acordar para o dia
de manhã
no encosto do corpo

da boca
e da boca da pele

lá fora
o vento fustiga as arvores
os ramos e as folhas

lá fora
com a chuva as flores
fingem-se afogadas


dentro
toca-nos a imensidão das coisas
os sentimentos


dentro
fazemos amor


dentro
desprendemos os dedos
as mãos os braços o corpo


como uma canção
devagar


e partimos
para outras ilhas


sempre
em silêncio


sempre
no ritmo do sangue

sempre
na palpitação da pedra.


outras sombras
habitam
nossos pensamentos nus


outras melancolias
em nossos olhos negros


talvez
seja este o preço
por amar tanto.


novamente em silêncio


e ouvimos
o vento e a chuva
as arvores e as flores,

dizem


que
à noite também se ama

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

gostaria que o meu encontro com a morte fosse lento como esta necessidade de te escrever bela.não saberei a saída desta arvore também não a quero deixar porque faz parte de mim.e tu ,bem...e tu vens comigo curar as feridas enquanto nossos corpos se tocam num abraço.porque é mais fácil despirmos já,as folhas que no corpo alegres tiveram agitações.e só o coração contará depois esta história.porque se trata de uma história esta vontade de imaginar sorrisos dentro da boca.e destronar o preconceito que temos sobre a felicidade.porque o possível, é o avesso das horas que passaram nos momentos em que não te tive.mais uma vez,desconheço o que a tua boca toca porem sei perfeitamente o que dançamos neste pensamento de espelho.

domingo, 29 de novembro de 2009

outras vezes falamos da pedra dentro do corpo
dentro do nome do silêncio ferido
e entre três cadeiras descansamos as mãos e a pele
imagino
quantas vezes descansamos os dedos habitados pelo frio
e quantos dedos teremos que levar à boca
para sossegar uma fome que à muito partiu

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

o absorto dos dias

estes dias passaram

já nao existem no pensamento
na mao que segura o corpo
no corpo que segura o osso
e no osso o coraçao


na penumbra noite de um beijo
um beijo caiu no chao



estes dias


estes dias passaram
deles o sal que o vento conduziu
deles as paisagens foram
absortos

e a morte e a fome crepuscular
que segura
deste abismo a passagem

dor

estes dias passaram
e com eles correm os olhos amargos
e a boca fechada
e as volupias de outrora



estes dias  que passaram.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

tem vezes que gostava de dividir a morte contigo ou então trocar o prometido pelo fogo devido,é que do coração do pássaro invade uma superflua vontade de voar e para isso preciso das tuas asas.tem vezes que é assim,esquecemo-nos dos nomes tão facilmente como nos esquecemos da voluptuosidade que vida tem em te conhecer.
porque é preciso beijar
a palavra como quem se ama
dar grandes marteladas
até ficar com os dedos ferida
chicotear o coraçao
prostituir a alma
e depois
que venham os inaudiveis,
os abutres saciar a fome
do poema carne.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

escreves sentimentos de outras estrelas,as que explodem febre das feridas cantadas na fonte.porque todos os sentimentos aqui se movimentam e teimam em deixar-me,para partirem contigo.noutros ventos talvez, o pano levantará alegria e o sorriso desprender-te-á a ferida cansada de tanto chorar,disseste.
acende-se agora boca,e estes passos, que longe se entregavam à tua Europa.porque de dentro ,deambulam infortúnios e ausência de outros plânctons,outros que alimentavam as chuvas, de outras estações.desabito assim este corpo e mergulho o cobre que viveu nas minhas mãos. em convulsão,anuncio a todos os músculos que és presente nesta aorta.

domingo, 22 de novembro de 2009

ainda procuro o metal escondido na areia na margem do rio inventado pelos teus dedos,do outro lado da margem estás tu,asas que voam alto,na estrada que inventei.apenas uma pergunta
-para quando o encontro no intermédio da vida?
há sempre uma razão
para criptar o vento autonal
porque só assim
as feridas choram borboletas
em seu casulo
depois
sempre seguimos a vontade do sol
e na sua companhia
não estamos sozinhos
talvez
estejamos sem vida

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Yann Tiersen - A Secret Place

de todas as coisas raras

o sol perdoa a loucura dos homens e
o silencio sacia a rua das horas.


próprio do mendigo recebendo esmolas
as bestas de ouro vivem em gaiolas.


os ossos do cao comem maças amargas e
a virtualidade do sono é a sua premissa.


quem encanta a insónia à sua alma escreve,
se a beleza de quem cora, no prato cospe.


a felicidade é um gelo que da língua queima quando
uma ruga é agora um poço onde te afogas.


a agua evaporou quando a sede pensou,
de olhos fechados a ferida cantou e
de cabelos brancos o sábio morreu.


se a morte é cobarde,
quem a alcança à morte vence porque
da agilidade do caracol se fez o trepador.


a verdade é um ninho onde teus dedos adormecem e
o futuro é uma corda delicada e doce.


quando à falta de mel no teu corpo liquido
pastam ovelhas de musgo na seiva do rio.




se o castigo por inocência semente for
o que é da terra volta à terra
e da terra há-de nascer.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

coisas da memória sensivel ( a discussao)

porque antes do o sermos,somos.seria mais fácil ouvir todos sobreviventes,os estrangeiros e as suas habilidades acusados de incompetentes.pois nem eles seriam sentimentos,seriam espectros cansados perante o derrube oligárquico.de um e apenas um amor apela-se um carinho convexo.ou que o faça várias vezes.porque a fecundidade também se afirma sobre as pedras.
dificilmente se acusa a si próprio, o amor.porque age para alem do explicável.e a sua ciência,se assim o considero, é frenética,intensa.
o amor é pragmático.é assim conserva sua transparência e virtude.e um conjunto de suposições afirma-se impossível à sua virtude.provavelmente os mais didácticos com as suas honorárias obrigações esqueceram-se que nem com aquisições ou politicas desgostosas da carne se viveu a democracia e a sua reforma.porque o amor também surge como politico.
reconheço, que através dos discursos narrados anteriormente as palavras sobrara-me e me elucidaram,conduzindo-me sempre, para o sentido epicurista.
todo o homem celebre,pleno das suas faculdades,está condenado a o provar...certamente,nestas circunstancias o papel mais importante será o reconhecimento da ordem e da sua origem déspota.
é claro que ,fabricar novos filósofos para discutir o amor,estaremos nós usando com consistência e brilho, instrumentos de confiança em nosso beneficio aristocrático.de uma palpitação,fazemos parte.insatisfeitos, muitas vezes pela repreensão obediencial e pelos seus actos.contudo,dominar a verdade é garantir que nenhum prazer sensível cairá no domino do desagradável.necessariamente,sobre esta minha reflexão,qualquer semelhança sobre a realidade e o que sentimos se unifica o sensível e o existencial.
todo o homem comum é o principio e o fim de um amor ancestral.
e todo homem comum usa instrumentos para completar suas funções.um estatuto do homem comum é amar.amar como vitalidade e complemento.se a justificação de amar é reconhecido no âmbito social,outro modelo mais radical expõe o sexo como repugnação.seguramente,estamos nós à procura da felicidade.amor ou sexo.uma evidencia para alem de escrever o mito.

"somos escançoes diante de duas fontes; a do prazer... e a da sabedoria".

ainda não sei se existe filosofia lógica para este novo saber,se a harmonia é infinita ou se é preciso apagar este amor para que outro se proporcione.

e se alguma vez me esqueci,lembra-te que é para ti que eu escrevo.

domingo, 15 de novembro de 2009

coisas da memória sensível ( o rapto)

outros tempos de tranquilidade tive.outros tempos o amor pulou para dentro do meu peito.quase me ia sufocando.ninguém,mesmo ninguém o deseja receber assim.porque magoa o convencimento interior,de que nada nos surpreende.próprio dos amantes; somos iludidos por quem nos leva,neste caso,por quem nos trás a felicidade.é um beijo que desejamos,que nos prenda para alem do tempo.que perdure para sempre.e sendo mais que um desejo,é o amor.é uma lua cheia que transparece cá dentro.e a espera é a sua confidente.um segredo,por uma fracção de segundo.a sua presença voa sobre as pétalas reluzentes.tudo num todo brilha.e nós homens agradecemos a sua mão amigável.nunca uma manhã se tornou tão suave.tão radiosa.é mais do que carne,o amor.é a sua fragilidade que nos permite agarra-lo com mais força.talvez seja para justificar a sua benevolência.tudo isto penso ,enquanto desço as escadas.atrás de mim deixo o quarto.enquanto ela dorme.uma sensação de fraqueza adorna o coração,como que o penetrasse.e a sua boca desprende-se,o aroma da terra suave.o jardim.pena eu sentir tudo isto tão tarde.já a esquina da rua separava-me e distanciava-me.do que deixei para trás.ao menos pudesse voltar atrás.voltar a beijar os seus lábios.dar-lhe-ia tempo.agora,irei dormir um sono.irei dormir o amor.lágrimas de desespero ardem-me por dentro do peito ferido.corro agora,como um tresloucado.entro no café e peço um brandy e depois outro.que conforto sentir o álcool invadir as veias.assim,adormeço o amor.e o que ficou para trás.a imagem da mulher fina alimenta a memória sensível.de resto,costumo terminar da mesma forma.percorrer a artéria principal da cidade adormecida com esta ferida aberta no peito.sei que o desejo desperta o amor.é perturbante esta sensação de que o estou a raptar.talvez seja esta a forma de mostrar quanto a amo.talvez seja esta a forma de mostrar quanto se ama.este egoísmo,talvez.canta de dor uma rapariga demasiada real em meu pensamento.uma névoa aperta-me o olhar.seria agradável beijar-te agora de felicidade,amor.e os meus olhos choram agora,provavelmente.não há duvida que é com o amor que provo a minha existencia.e se alguma dúvida houve,dissipou-se.

sábado, 14 de novembro de 2009

coisas da memória sensível ( au revoir)

nunca lhe perguntei; porque sorria sempre quando a queria beijar.também nunca entendi a transcendência do seu sorriso de brancura imaculada.beijava-a apenas.também nunca lhe fiz qualquer tipo de exigência.ela,era a minha troca.que amante repete baixinho; o amor quando um mundo em turbilhão hesita dentro.não a queria ver enclausurada,numa jaula.o nosso quarto.esforcei-me várias vezes.contudo,de forma híbrida arrasta-me a saudade.como a amo.uma outra rapariga atenta o meu peito.mas são os olhos dela que eu vejo.uma perversa tristeza percorre o meu rosto enquanto atravesso a rua.do outro lado as luzes da cidade adormecida avançam sobre mim.caio.estou bêbado e sinto alivio.tarde demais por ama-la tanto.e as lágrimas saltam,tocam o rosto num fio.no chão a minha boca.
-oh pobre rapaz,qual a razão da tua ausência.
e leva a minha mão ao encontro do seu seio.folhas lilases húmidas,cheira-me.não tardará que eu acorde desta envolvência.qual o verdadeiro amor.o que merece admiração ou será o primeiro.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

coisas da memória sensível ( a fuga)

beijo-lhe as mãos e peço-lhe que me siga no murmúrio do mar dentro e no vento do corpo de um ainda.é deste conhecimento que habita a memória sensível de uma outra vez.é assim que resiste ao tempo,este monstro.ao crepúsculo,mergulha em nevoeiro liquido.digo liquido, porque encharcou o rosto,este rosto que eu toco e beijo com as minhas mãos de sal.encontro-lhe,quando o beijo,as cidades que partiram para outro existencial.decerto, também o seu corpo partia.porque transparece luz a sua forma.respira a maresia.nunca soube quanto a amei.também nunca lho disse.dentro, trago-lhe este amor.o que consome por dentro e alimenta a carne.e o meu instinto levou-me a senti-lo lento.é assim que devemos aguentar,o amor.que se esquiva sempre que o sol rompe a janela e atiça as pálpebras.preparo a fuga,tal como as cidades que se mudaram ,para outra casa.assim não mancho a noite ou o que dela resta.bem lá no fundo,poderia olhar novamente para aquele corpo, que deitado dorme.o amor.mas não tenho a coragem.sou tal como as cidades que à noite se cobrem com luzes artificiais e que de dia aguardam que as pessoas lhe sujam os pés.reflectido,liberto um sorriso. e deixo-a dormir.não quero a sua súplica nem a minha cobardia.poderia quebrar e talvez nunca mais alimentaria este monstro,este amor que vive por dentro.porque sou como todos os românticos que vivem as horas nos balcões dos cafés cinzentos.que afogam amor pela fragilidade que lhes come o coração.e cantam canções, do homem-dúvida e os seus sentimentos. é este o ardor agitado que se sente quando se fala de amor.todo o homem que ama é tolo.por isso fujo.fujo com a certeza de mágoa e de mal-estar mas só assim conservo este sentir amor.se não o fizesse agora outro tomaria o lugar deste e um outro ainda o lugar do outro que se apoderou do primeiro.sim! porque a amo.e porque não acredito no amor para sempre.porque acredito no amor para sempre, incontável.deixo-a assim.e procuro outra casa.outro café onde posso beber as suas memórias.faço-o, porque sempre alimentarei este desejo,este sentimento.é sempre de manhã que a ela sou subordinado.poderia mata-la mas também eu morreria.melhor será partir.

domingo, 8 de novembro de 2009

sério ia,

com a certeza de tal companhia
do qual...acredita,
que nem por doutores
se fez, unicamente a escrita.
é a minha e é de alivio
pois.
é sempre da palavra dita
cuja obrigatoriamente
se inicia,



argumento.
nossos,

os lábios silvestres.



aromas

sibilar  e as curvas

e a sinuosidade

e a carne

a nossa cama



delíquio


ou supressão



e eu respiro a extensão
e eu respiro urdido tal como o corpo fica.

é esta a oferta



memória e carícia



 boca  desejo


"Viveram em ti os meus olhos e o meu braço cingido e a minha consciência incerta"

de um outro tempo adocicado penetram súplicas de quem move o sentimento.de uma luz densa, que desperta o pensamento, alimentas tu os sonhos.e voas longe.não podemos fingir a felicidade que nos rasga as vísceras e o coração nu.assim,ficamos nós a devorar o lume que não nos pertence, a conduzir a carne nocturna.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

todos os pássaros

receberam esta carta,
o sorriso
por quem cá fica
giestas desenhadas
no algodão do céu
e o enorme abraço-ferro
cavalga o espelho-futuro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

insónias

dormes,envolta na pele suave das minhas mãos.o teu corpo macio,quente e suado descansa.antes, pedias que te chamasse de puta.pedias que te comesse bem funda.agora, dormes.dormes colada a este corpo desgastado.a este corpo que há muito já foi.almofada serve agora.usado.ausente.noutra paragem espera a rosa nómada.o coração que sobrevive à memória.apenas memória é este corpo.mergulhado na lã da lâmina dentro das veias.era capaz de ser outro.um outro corpo vazio.mendigo.absorto.tal como o cigarro que queima a ponta dos dedos.e que se demora na boca.para adiar o tempo,neste quarto.o tempo enquanto dormes.enquanto estou contigo,ausente.ficas bem;linda ao meu lado,penso.e respiro os teus cabelos,cheiras a amendoa.outro país,viaja este pensamento.respira dos mortos.saliva outros poros.dá-me nauseas.dá-me nauseas a noite próxima e a outra depois desta.pergunto se ainda gosto de ti.nunca saberei o que alimenta esta insónia.porque sempre me tiveste tão próximo,porque sempre me amaste em;fogo.uma arritmia cardíaca agora.levo a mão ao sexo quente. e masturbo-me.preciso de um pouco de morte.e tu dormes.levanto-me e taciturno as paredes deste espaço.tomo um café.por detrás das cortinas, a janela. lá fora a cidade dorme.as ruas vazias absorvem apenas os caes;resolutos aos caixotes do lixo.estão com fome.mais um cigarro.observo-te.não há maldição para quem tem insónias apenas desprezo pelos que dormem.

impressao claustrofóbica

..campos de fenos e as ruas vazias atentam a memória pesada do carregado e da pedra ílhava.espreitam ao céu uma convulsao, demora e humana.encontraste o quarto e nele estás encerrada.mordes a lingua e por isso o bébé chora.cora criança e chora que receberás desta boca um gesto eterno, terno.porque falas tambem do jardim ,sabes que sao flores artificiais que lá vivem.e o eflúvio social dá-te nauseas.tenho o presentimento que enganas a felicidade quando passo a mao pelos teus cabelos.sao leves as minhas maos ,os pensamentos ,esses sim, estao demasiado pesados.tal como o corpo que por aqui anda.enganadíssimo.é verdade -limparam-te as gotas de àgua, a face.por onde anda agora o tempo ,no fundo da ferida que arde e se esconde.é noite, uma nesga mental assobia os carris do metro.levanta-te e caminha. -e por hoje és tua.minha és, impressao claustrofóbica.


dá-me a tua pele

e os cheiros que dela emana,
exuberante.


a minha língua
lambe-te,
lambe-te toda!



dou-te o movimento
dás-te ao movimento
és livre
e eu mordo-te
e tu mordes-te toda.


nao páres
-dizes tu,
afoga-me
-digo-te eu



ainda mais

carne nervosa
e os dedos na tua boca



gosto de te foder,
foder-te! de verdade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

sossegas os pássaros nas pontas dos dedos.o cigarro que queima, a cinza no tapete de pele sensível.no quarto, uma mão que desliza a parte mais ferida do corpo e toca-te mais uma vez o amor.e eu encontro-te nas fissuras de um abraço que não se concretiza.vens de uma outra língua.vens das cidades,dos neons que ofuscam os silêncios dos transeuntes.teu coração analgésico na rua.Álea que se perde o rasto.perseguem-te os homens, carrascos na orla do tempo gelo.eu,simplesmente bebo a languidez das tuas têmporas gestuais.



trinta e sete vezes percorreste a espuma lamina que brotou do mar revolto.os antracites da pele morta revelaram-te as enfermidades do que a luz contem.teu corpo só.mais tarde ,noutro lugar o silencio bífido arde-te as pálpebras.


sempre viveste o tempo único.

e eu sempre te esperei...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009




..há apenas uma necessidade de respirar ar liquido,dos poros ou então dos suores frios,e a sua inocencia (somos crianças brancas),mas asfixia este corredor em que me lanço tal como as pétalas das flores que foram.melhor será desistir do que acompanhar o que a musica transmite,fui eu quem a escolhi e como tal também a posso desligar..mas ela nao desliga,ela atravessa o meu auricular e como breve dançarina que é, articula-se no peito só. assim a sinto,eu que a lancei como semente divagando outros sentidos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

para MJ

..dificilmente conseguimos despir a alma e coraçao em busca de beijos de luz em nosso corpo só.


porque bastantes interrogaçoes cobrem o que a leveza e transparencia querem responder.

talvez o tempo seja benevolente e nos preencha de várias emoçoes ,mesmo que fúteis.sao nossas e delas vivemos.mesmo que este tempo nao seja compassivo.( a contradiçao em relaçao à sua benevolencia é proprositada.)

acredito tambem que ,libertar o que nos consume por dentro causa dor no entanto é gratificante...sao nossas as palavras.

assim como as barreiras que delas ultrapassamos.

domingo, 11 de outubro de 2009

porque é preciso agitar o pensamento

no vácuo,
mas como podemos escuta-lo
se ele nao se pronuncia no grito lançado.
e consome-nos por dentro
este silencio de carne rasgada.

sábado, 10 de outubro de 2009

na casa de espelho
a metamorfose do corpo magma
do sol fogo.
que dirá a esta reflexao,
a pele carnal
de outros éteres.
atordida
sobrevive na lamina
melódica.

o que lavras

é fácil ser oceano

neste espaço aberto.
tambor lançado nesta esfera do nada.
tenho os pés assente na terra do sal
e bebo o que me dá
as folhas caídas na calçada.

por fim
adormeço no seu encalço
dois dias num impulso.



e de sorriso aberto
taciturno o que lavras.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

anjeofagia

e assim consome-se
o desejo venéreo
das asas
das inocentes coriáceas.
laminas,
que adormecem na carne palpável.

tem vezes que
vivemos o sialismo dos anjos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009




respiramos para além da noite.como enganamos o sono.beijamos a melancolia que se apodera em nossos rostos.assim,beijamos nosso coração frágil.para quando a morte e o que dela vivemos.nosso corpo desmaia intenso.nosso corpo no hálito dos passos sofríveis dos ossos.dissolvemos os muros que nos dividem.tomba a cinza,esta dor.é o que resiste ao tempo este amor possivelmente palpável.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Silêncio ( a luz do pensamento)

para melhor compreender a luz do pensamento
procuro asilo no castelo das dúvidas,
assim deseja minha alma quando agitada
pelas pegadas perdidas da verdade.
odio sujo pelas nuvens furtivas do momento
e falsas falas nocturnas a fragilizam.
o próprio tempo é um pórtico
de dor insuportável.
é neste repouso,
lugar remoto que o conforto
da distância me aquece.
meu egoísmo desaparece
a galope no casco do cavalo.
o universo infinito questionável
é como uma subtil arma de arremesso.
travam-se batalhas epicuristas
para que a solidão seja saciada
da altivez ergotisma.
cometo a atrocidade
de não comer o melhor alimento:o vinho.
para melhor lucidez da luz do pensamento,
o silencio é uma necessidade impaciente
quando me grita ao ouvido
e me fustiga com fortes vergastadas.
o corpo palpável da alma purificada
é um servo do silencio.
observo a transformação
e as semelhanças do outro novo eu,
onde errei e me perdoei
e como me tornei mais sábio.
acordo a luz do pensamento
esperando tão cedo, ao castelo das dúvidas,
não voltar.

coisas de outro saber

deixa que o silencio

seja a colher que te leva a sabedoria
aos labios esfomeados

procura o conhecimento
numa visita ao consiente


obedecer
é o que liberta o odio
de um orgulho superfulo



saberás
pelos teus passos demasiados cansados
te faz companhia a breve sonolencia


acredita
quao leve e doce seras quando acordares



quantas vezes
a pedra por ser tao pesada,
quando a carregaste, choraste?
o seu peso é a honestidade
e as tuas lagrimas o seu medo



sei
que te bateu à porta o ceifeiro
e beijou-te as veias
domina-lo foi um desejo
de um sorriso deixado ao acaso



mendigo
ja te olhaste ao espelho
os teus olhos brilham erudita
o sabor do saber provado!

Cepcismo das coisas

prefiro negar este ceptcismo das coisas pequenas
este periodo alegórico entre o macro e o microcosmos,
para que a sensibilidade da imaginaçao
se liberte nas primeiras letras musicais,
onde se advinham estrofes que lavram o Amor,
a racionalidade e as defesas dos galenteios.
somos assim,
golpeados pela singularidade do perfume e da beleza,
simplicidade da cadencia ritmica.
certamente, quem nos ouve na partilha
sem sobrecargas emocionais e sem legendas adicionais,
une-se a um instrumento de uma só voz!

Sobre o Silêncio

...existe em cada respiraçao
asas
das aves,
uma corrente de ferro mordida
pela vida vã..
sussurra às escadas do tempo só
a palavra esquecida das minhas mãos
de sal.
que fazer deste corpo invertido,
desta aglutinaçao carne e osso
e se existo?
-quedas de asas partidas
e o que digo por dentro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

cinco afirmações inúteis

1.
nao sei como é o ceu do outro lado do mundo,
este que eu olho é de um azul profundo .

2.
para a namorada:no dia que eu falecer,
quero-te de uma cor-luto a condizer.

3.
quando pensares amor... que me perdeste,
saibas já, que foste a única que me leste.

4.
quando o poema atinge a perfeiçao,
o "lobo" veste a pele de "negaçao".

5.
quero beber até mais nao me aguentar,
pois,"que me saiba perder para me encontrar".

Somos

somos da letra viva do substantivo,
a aorta do verbo Ser
e outras tantas arvores
de folha verde por queimar.
vociferamos como quem derrete o mel
pelos dedos e chupamos até ao osso
as caveiras do pensamento nado.
cada palavra que incomoda,
a certeza de um avanço no tempo.
beijamos a nostalgia como quem
suicida os ideais alternativos de quem passa.
para quando a superioridade
de saber tudo e do nada saber?
por acaso a morte já namorou por aqui?
porque sinto este espaço de gelo sentido.
sento-me e contemplo as letras
cavalgando umas atrás das outras
como silencio nas pupilas penetrantes.
que eu nao tenha culpa de ser palhaço que
se ri alarvemente neste anfiteatro,
onde as cortinas ardem e os corpos sao de lava.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quatro elementos

assim,regresso às formas
do homem cão
e ressurjo na embriaguez da terra mãe
na lentidao do magma
fulgor é agora
esta memória de cinza carne
e o que fui
neste idioma
-lingua sintomática
atento tambem
ao círculo espelho
e faço as minhas mãos na àgua sol
no rio pedra
por fim
respiro uma boca ar
alcanço a luz brilho
no intermédio da vida morte.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

amo-te.e em silencio despimos o corpo carne.a minha boca repousa no teu corpo luz.respiro cada silaba da tua pele sombra.unidade.apenas uma respiração.apenas uma transpiração.tão breve é o momento em que roubamos ao corpo só.tão pouco é o alimento que retiramos das mãos e dos cabelos.ainda em silencio.ainda sós.devolvemos à lua o romantismo de outros tempos.o brilho das estrelas e o sol em nossos corpos de oiro. fecundamos os sonhos e por uma vez morremos.

memórias de um amnésico XI

fui uma escada construida ao longo do tempo que por aqui passei.nesta casa.neste sofá.encontrei-me na gaveta.uma gaveta fechada mas não trancada.dá acesso à cave.um anfiteatro.desci.encontro-me aqui neste espaço.sem medo.sem nada.ausente.um silencio roça os sapatos desta escada.esta cave.de vidro.não de espelho.degraus partidos.a fragilidade de ter medo.este é o espaço do suicida.do enforcado.lembro-me da corda.a corda do enforcado.também ela fazia parte deste cenário.o meu percurso para aqui chegar foi um pensamento. uma língua roxa.e o sangue.o sangue agora seco faz-me lembrar o sucedido.ainda este rosto.este pescoço esticado.o suicida ainda vive neste corpo.nesta cave de escadas de vidro frágil.dança a corda no tecto.todo o homem foi construido através deste suicida.deste corpo pesado.deste corpo morto.este transeunte pesado.depois da agonia a libertação.a minha verdadeira natureza.a natureza das coisas palpáveis e o que fora imaginado.liberto-as da corda.as mãos e o corpo.um ultimo cansaço.este momento fatigado depois de tanta ausência.o ar pesado.este regresso.compreendi enquanto viajava por este corpo que o tempo é superfluo neste espaço.nesta casa.não passa.melhor é não usa-lo.que capricho este de não usar cinto.neste corpo.neste refugio.apenas o robe.raramente olho para este espaço e duvido que seja apenas meu.outros habitam.há também um desenvolvimento colectivo.e usamos esta intelectualidade como elástico para com o pensamento.este cordão umbilical.pudera eu rasga-lo.desprender-me dele.este cordão umbilical cerebral.este quarto.o útero.a concha.é um caixão intelectual.não morro ainda.o suicídio do arquitecto.e esta casa sofre alterações.esta casa de emoções vivas.esta casa de canções mortas.esta ressaca de não dizer nada.esta ausência.um outro desafio é ser racionário para a possibilidade de desfrutar deste espaço sem pagar renda.ausência.é uma pedra profundamente abalada para alem de ser sofrimento.há luz.porque vivo passagens.porque faço constantemente viagens.e retomo o mesmo caminho até ao pórtico de origem.há dor no regresso.no real.o ser humilhado.o ser sodomizado. o ser enforcado.há também o prazer de viver um morto.é uma instituição de leveza do pensamento.é uma carga pesada de responsabilidade.e sobrevivência.esta pedra.o habito do homem comum é esta pedra.para sempre.

o personagem do imaginário,este frágil débil mental.

o personagem do imaginário
aprecia a experimentação
e partilha as suas visões da vastidão do cosmos,
tem como imagem um quadro simétrico inútil,
problemático pela sua exactidão
entre a concepção e execução,
motivado pelo desgaste do uso do timbre mais hábil.

o personagem do imaginário
procura o sucesso inefável pela lança do esquizofrénico.
é o jubilo da maturidade
com as suas recebidas lisonjarias,
murmúrios e a bestialidade de sensações suaves,
afectos demasiados profanos.

o personagem do imaginário
tem voz!
e a sua arrogância é uma avalanche de ditados,
provocando velocidade e acrobacia.
é um general complexo e indecoroso.

é um frágil débil mental.
tortura a evolução harmoniosa
de virtualidades, que nos cativa ao ouvido.
será melhor permanecer superficial!
até que o odio inconsciente infeste os submissos.
nestas condições,

o personagem do imaginário,
nem com paisagens lentas nem com escolhas significativas
tem particular dificuldade em impor-se.

o personagem do imaginário
acredita que
a concepção evolui e é no seu seio
que se dá a origem do cosmos.

o personagem do imaginário
divaga no infinito do universo palpável,
sem improvisos,
renova-se em consonantes acordes
pelo o já encandeamento da percepção
vangloriada do mundo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

..todo o corpo é moldável e como tal, tambem se despe e recorre a um pensamento volátil ,nao percebo, como nao desejo a ninguem, a amargura dos dias.outras vezes foram mel ,agora resistem flores de plástico em vento gelo repirável.

meu corpo voa leve

que o meu corpo seja leve
pois à maldiçao da lua
liberto o peso do meu grito
-a amargura do meu peito sepulcral
-a alma cansada da proviniente tristeza
e que sirva de arremesso
ao covil dos homens-fantasma
os dentes, ossos e carne.
pois, nos braços do sol
as sobras do que subsiste dormem.
que venha agora a outra
(nas asas do pássaro negro vive)
e me carregue
na voluptuosidade da sua boca.

que casa agora

respiramos e da palavra nasce o regresso dos lunáticos

avivam a alma e abrem o corpo ao corpo desnudado

uma pequena morte os acompanha



permanecem nas gavetas outros escritos da memória distante
de um outro corpo de um outro caminhante



é bom falar para o coração da noite



no encontro do silêncio sangue na passagem do suícida
e no nascimento da ossificação da flor breve



nas ruas a imensidão das horas
no corpo a casa
que casa agora que casa agora



um ultimo beijo deixo às matérias sensíveis



aos homens magma
pois o húmus é longo e àgil na pedra da fraternidade



que casa agora



rebentam últimos suspiros ao mar revolto
e é das raízes
o som que eu reclamo as que nascem no fundo do ventre
como as amo

escalam neves e pedra-lágrima



e adormecem nas areias àridas



sao a erosão da terra e feitas da lucidez de quem ama

sao os seus antepassados celestiais



vem comigo agora vem comigo agora
derramamos o vinho encostamo-nos ao tempo

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

...nosso momento de contemplatividade,
prefiro-o na ponte flutuante,
onde visivelmente a ria formosa
alimenta os outros seres...
e o por de sol é a magnitude da natureza Mae.
nada sinto
se o sinto nao o sei
provo o que das palavras
sábias me deito como
provo...
o amor pelas mesmas
de sabedoria dita
esténico a esta escrita
enigmático!
a porta da palavra morta,
fria
o calor deste corpo quente,
a boca dos dedos
cosmopolita.

teu casaco castanho

gosto do teu casaco castanho
mesmo que sujo da lama de ontem
e das tuas orelhas mágicas de jumbo
(até quando as moscas com elas vivem)
gosto dos teus pés e das tuas maos
porcaria do tempo em tuas unhas desfeitas
e do monturo do teu corpo
na lixeira da tua casa sem casa

pudessem!

todas as palavras sentidas com amor
cingissem com os seus braços
o teu casaco castanho
as tuas orelhas mágicas
os teus pés e tuas maos de fome
e aconchegar o teu corpo
com o calor dos substantivos
de nao terem mais lágrimas...

pudesse!

que este poema mesmo que nada
dê-se para ser leite materno
para saciar tua sede (ao menos).

este ser de ser assim

este ser de estar dentro
neste ser de ser assim
neste coraçao que voa alto
nas asas do pássaro azul

este desconcertante desconcerto
esta margem de rio douro
este palácio de cristal
este leao em aguia real



grande cidade de pedra

aldabro a porta de entrada
feito sou e nasci
navio de guerra por ti
corpo, lança e adaga



todas
as algemas de alcool
e nas veias o sangue ferveroso
bramidos de aves poéticas
janelas embriagadas de fogo



desprezivel sintonia imponente
coraçao que palpita magestoso



boca de carne veste trindade
prostituta isenta de impostos
homens em (T) respiram liberdade



qual a aorta da lua
qual a saída deste corpo
anel -trafego nocturno
via de cintura interna
circunvalaçao,
sentido opturno.
...pediste para eu fechar os olhos e levaste as minhas maos ao teu tronco nú.a forma como sentia a tua pele pelo meus dedos era a sensibilidade que vinha de dentro.a forma como percorria partes do teu corpo era a sensibilidade que vinha de fora.mas para descobrir o que sentias, precisava de tempo...

na orelha esquerda de Van Gogh

Vejo-me


na orelha esquerda de Van Gogh

Pontilhada

no coração de girassol de Sian Hoornick

E é com velas

presas no chapéu que me vejo,

Pintando a noite fria

da cidade adormecida

E nos Campos de Trigo sob um Céu Enevoado,

Tristeza e extrema solidão…

Quase acredito que,

exprimo o que eu sinto.

Revejo-me vendido

na exposição de O Vinhedo Vermelho

No Grupo dos Vinte

E por mais quadros que se pinte,

a tinta terá sempre o mesmo sabor

Dr. Gachet!

Não me coloque mais ligaduras no peito.

de hoje

hoje


a chuva recusa-se a parar

como se recusa a um abrigo este

corpo embriagado



carrego a chuva pelo rosto.

e a memória

e o tempo das botas de borracha

e o jogo salta-poças.



casa



um banho quente

a mão que limpa o espelho

e uma ruga que aqui mora

faz tempo



a tua perspectiva

e a descoberta de luz

entender-te



és uma capacidade de adaptação

os bichos em extinção,

-prevalece nossa existência.

Tom Waits - Watch Her Disappear





Last night I dreamed that I was dreaming of you
And from a window across the lawn I watched you undress
Wearing your sunset of purple tightly woven around your hair
That rose in strangled ebony curls
Moving in a yellow bedroom light
The air is wet with sound
The faraway yelping of a wounded dog
And the ground is drinking a slow faucet leak
Your house is so soft and fading as it soaks the black summer heat
A light goes on and the door opens
And a yellow cat runs out on the stream of hall light and into the yard
A wooden cherry scent is faintly breathing the air
I hear your champagne laugh
You wear two lavender orchids
One in your hair and one on your hip
A string of yellow carnival lights comes on with the dusk
Circling the lake with a slowly dipping halo
And I hear a banjo tango
And you dance into the shadow of a black poplar tree
And I watched you as you disappeared
I watched you as you disappeared...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

e nada se esvai

Chamam-me

Alugo o líquido sugado das entranhas
E de pálpebras cerradas,
os meus ouvidos são abafados
Pelo silêncio,
onde tudo acontece e nada se esvai.

Sinto
o corpo em metódica transformação,
Corro no círculo fechado.
Várias partículas de fogo
imergem bloqueando as veias,

(Aglutino em compressão
os mesmos espasmos),

O grito silenciado
pela ânsia dos ideais,

Tudo em mim
e nada se esvai.

Tudo se move,

(contudo não saio do círculo)

Explosão
de lava incandescente da carne
E o sangue
ferve arbitrário
ácido corroendo as plaquetas.

Parasita
do corpo cansado,
aniquila-me
com multi-orgasmos vencidos
Onde tudo acontece
e nada se esvai!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

filiformes

lamenta-se a tinta cor pedra
neste ìmpeto sujeito de dor,
que poder das asas com fome
da boca que arde Sol

é no tornar lento
que me libertas(filiformes sons
acutilam a memória)
e o que restam
da magnitude das palavras
sao
o teu sossego nos meus lábios.

orvalho fresco e outono

há um silencio
o mesmo que desenha o teu rosto
que desliza pelo corpo teu
e de dor se fez pensamento
do homem comum.

-orvalho fresco e outono

desatar o nó que envolve a garganta de fogo
libertar do vento desprotegido,
cripta,
desassossego
atonal que impede
de um agora Ser
esquecimento

e o que molda teus lábios de luz
e nesta pobre noite sobrevive
um coraçao em tuas maos àridas
ferida de um medo
que se entrega à desgraça.

a flauta de Debussy

todo o movimento se repete
os braços orgânicos imperceptíveis
ao corpo
e o devaneio de uma película
fina de tinta cinzenta neste espaço
ruivo, a aurora da floresta cega
o bosque natural
folhas deitadas
de tranquilidade e renascimento
um rio,cascata triste
o ideal perdido e o reencontro
do Eu interior.
todo êxtase e novamente perdido.


quem sodomizou assim
o meu corpo
com noivas carregas de noite
e com o sono,mordaça e desgraça
feito de voz que fulmina dor
e lábios feridos de gelo
mãos moribundas desastradas
e com pés de precipício e angustia
coração
de náusea e ausência
este estômago de sofrimento lento
sem apetite

resta-me a coragem
desta alma
quando se liberta deste corpo,
viajando pela flauta-fauno
de Debussy.

sábado, 19 de setembro de 2009

da palavra e do abismo

pergunto
se as centopeias
as que lavam o fogo
dos seus corpos martirizados
renascem das costelas das suas formas
na explosao dos ossos
da loucura das suas bocas-magma
ou se se deitam
nas cançoes do homem-pássaro
e voam fortes nas suas asas quentes
procurando novos ninhos.
pergunto
se a semente do seu corpo obsoleto
nao é mais do que
sombra na ausencia do nada caótico.
porque é de dor o tempo que nao passa
e de cinza o que constroi a magnitude da lua.
e de som cavo o que a voz do homem atira
para o abismo ,a palavra.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

enaltecer o pensamento e absorver o dilúculo

depois de amanhã uma nova razao,
uma outra que expele
da ferida viva que esta deixou.
é do pensamento do homem
esta vontade de percorrer
por entre a serenidade das sombras
e beber o que a alma soluça
para depois abandonar
o que o silencio consome.
uma outra porta se abra
e depois desta uma outra lá ao longe
no horizonte surge.
cabe ao homem!
lucidez nas suas decisoes.
demasiado cansado pelo caminho percorrido,
chega novamente a um outro pórtico fechado.
haverá força e coragem suficiente
para este devorador de luz?
ou melhor será deixar que outros a consumem
para depois deixar-se beijar...
a boca,a face,os dedos e os pés
com a dita sensata sabedoria?
temo mais,pelos que nunca a sentiram
e condenados estao assim a astúcia
e ignorancia com o pensamento de àgua suja.

da luz do abismo

sinto uma fadiga esquelética
todas a vezes que fecho os olhos
para te contemplar,
recuso abri-los!
aguentarei nas pernas este corpo
estático
mesmo que fique pálido, doente, de tão magro
porque prefiro beber-te
e tu sugares-me o ser.
sinto
a serenidade, de cada vez
que o meu coração palpita
e a melancolia desaparece
porque partilhamos o mesmo sentimento de luz

tu és luz!

o sol que me acompanha
no tempo do tempo
e o meu corpo condenado ao castigo de viver
por te amar tanto.
houve um momento
em que me senti abandonado
quando outros visitaste primeiro
contudo
irradiada de felicidade vieste
para me levares no teu breve sono
já os meus olhos te abençoavam
e os meus braços desfaleciam...
e voavam
e voavam para ti!

feliz acaso

faço-me de fingido
neste retrato de familia
e quando o pensamento
tirou-me uma fotografia
revelaste um sorriso.

Femme Fatale

...porque te dás
a este corpo sodominizado
será para mostrares
o vestido novo
ou as pernas
das maos
nas mesmas hematomas
do olhar
um brilho cansado

preferes a embriaguez
dos homens?

a necessidade da carne
de quem tem fome?

porque de trabalho
somos qualquer um.

vjarski (com carinho)

..o que nao esqueço
regurgito
da terra a lua gélida
o que apodrece
nos pés a agua limpa
lavras o rosto
e no seu recorte
míngua
o agitado corpo.

no ocular cego

pari da janela
pedaços de vidro ao
suor do rosto
deleito-me nas
rodas de ferro
o Corvo
debica
ao corpo
o tempo
lento no
parir da janela
fragmentos
de vidro,
subiram ao céu
rodopiando no sentido
contrario, nus
aos ponteiros do relógio
pari da janela
estrelaçadas
asas de pássaros quebradas
podridão e fedor...
pari da janela
máquinas fotográficas,
filmes e negação
da aurora
ou ondas de um sonho
ao parir da janela
a
angústia...lá
como o resquicio vermelho
pari
um sorriso ou
escarro podre
de pernas abertas
no ocular cego...cego!
o aborto
escorregou ao parir!

cão epidérmico

tuas veias estão podres
ó malabarista repugnante
és um murchar lacrimoso
no caminho do idiótico
tu que cantas contemplatividade
da tinta que escorre pelos dedos
de palavras carregadas de esgoto
tem vergonha!
ó fantasma encharcado de imundice
tuberculoso da inocente volúpia
bicho adormecido mal-cheiroso
verme amargo desdentado és
quando te comes!
tropeças e iludes a dignidade dos homens
e perdes-te no engano dos artificies
ó dejecto da inspiração intelectual
tens o sorriso degenerado
e teus olhos brilho de ladrão.
a tua desonra há-de chegar
ó cao epidérmico asqueroso
e cairás nas sombras
sentindo o frio da terra de Janeiro
desaparece!
ó morcego...sanguessuga desmiolada!
louvar-te é um zumbido de moscas
quando te banqueiam no bater de asas
ó demente parasita cobarde.

por detrás do cenário

hei-de nascer por detrás do cenário
um velho
pela liberdade percursionista
das baquetas cansadas
alimentando-se de melancolia
pela virtude e castigo
veneno
ao suspiro da tolerância
de corpo aberto
ser comediante inocente
pela velha fadiga velha
próximo da lua
ao choro amargo, divaga
tendo como justiça
o eterno, velho carrasco
e selvagem animal que é
embriagado verga o
velho libertino
das novas nascentes de praga
vomita velhas palavras
dos velhos fantasma da magoa
e morre pelo consumo,
ladrão do elogio encontrado.

a valsa na tua ausencia

...a distancia e o meu medo;

a tua ausencia

somos cumplices,

e o cigarro partilhado;

tua saliva

das horas,
ensaiamos a fuga;

a garganta sufoca...

beija-me

em sossego

os dedos
e o silencio.

a máscara de um olá ausente

..dizes
que o silencio te visitou
e ao lamento pronunciado
te procuras nessa semente.

o que verás
nao serei mais
do que
alado coraçao que te sente

a máscara de um olá ausente

gota de orvalho vivo
de breve instante despido
trago amargo do dia
da melancólica despedida

tao terna é a tua mao
e nos teus dedos
minha face chora
a noite é dia infinito
o dia é noite agora.

permanecer

é na ausencia do amor
que construimos a casa de espelho
dentro
as divisoes de sangue nú
e todas as matérias
que recordamos da primavera febril
dentro
o pó dobrado pelos anos
e o que dele se entrega
aos abutres inaudíveis

-novos amantes se deitam
na cama de trigo

respiramos as cançoes roucas
no corredor despido.

soluçamos
sobre a pele mutilada
a solidao que se esvai
no orvalho do tempo

respiramos uma ultima vez
a vulva deste corpo
e na sua boca de luz
permanecemos.

como chegar esta pedra

repousa no seu encalço
uma cera de sombra viva.
lamina poética
contando os passos.
se de guerra sao
estas palavras metalicas
outras ainda
no inteligivel ficaram.
de tao pouco
serve a mao que abraça
a semente
a que depois de esculpir
o medo
circunscrita na memória
sensivel.
é de fogo-gelo
o amor
o qual ferimos os nossos verbos
-nossos movimentos
e dos dentes do magma
renasce esta pedra.
outrora
uma lingua de cinza
bebia o vazio
cantado na fonte
e alimentava-se do silencio
o que mordia o ferro.
e do nada
um corpo,um vulto
respirava agitado.
outrora
flutuava a voluptuosidade
dos sonhos
a lingua (por quem)
saboreava
as flores humidas do desejo carnal.
outrora.

(de que falamos agora senao da morte)

nossos dedos

somos

(da transpiraçao de todos os poros)

os que ficam para
alem das imagens.
o riso das pedras
que os amantes beijam
na àgua.

chegam-me à boca
a transparencia das
estrelas vivas,
como nos teus ouvidos
as palavras de amor
abafadas
-nossos gemidos.

da memória
a fidelidade das asas.
somos
pássaros livres.
alma e corpo.

no turbilhao de prazeres
prendemos e desprendemos
nossos dedos
para depois
(tal como eles)
...desfalecemos.

o ódio que por ti sinto

preferia que me injectasses teu veneno
proveniente das tuas unhas de plástico falso,
a tua alma, no meu coraçao de ferida viva.
talvez assim evitasses o ódio que por ti sinto.
ou entao em segredo vomitasses palavras
de guerra quente pelos canos
das espingardas incessantes do fogo sujo.
a tua lingua.porque nao fizeste mais do que
matar o que de mim nasceu.nem me avisaste.
ele nao tem a culpa dos pais.ele,que
de consiencia e transparencia surgia e
ganhava forma.
ele que era ,pelo menos para mim,belo.
quem te deu a autoridade
para cometeres esta atrocidade.
farias o mesmo com
os teus pensamentos de alma vazia.
dás-me azia.e eu choro..nao pelo teu perdao.
nem to quero!
mas porque ainda o sinto na ponta dos dedos...
nao lhe pode beijar nem cheirar a sua pele.
nao me deixas-te.
és a crueldade e como tal desejo-te
que ardas entre o céu e o inferno.
nas intermitências da vida.
que tenhas todas as dores...
porque o encontras por aí.
beija-o por mim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

ainda, neste dia de estar só V

...houve momentos em que nao conseguia disfarçar a falsa realidade nem imaginava terminar assim os dias.pudesse eu te-lo desejado.mantenho ainda o prazer, mesmo que o desejo espere hiperatrofiado, de falar de amor.eu que vivo agora,sem escrupulos,neste buraco com a promessa de anular os dias,de por fim à tristeza vil,ofensivamente ruminante.diz-me, porque me fizeste indestrutível,
enquanto fazíamos amor,nunca te passou pela cabeça te vingares ou o que tu fizeste era com essa intençao?.todo o homem comete disparates.eu,apenas digo que foi um desabafo teu.

ainda, neste dia de estar só IV

...pergunto ,se alguma vez me foi autorizado este teu amor por mim.se consientemente me inquietei devido à precipitaçao,se foi mesmo impossivel,pedir-te tanto do pouco que te dei.todos os dias sao melancolia.que farei com este corpo cego.é tao doloroso este perder inegável.eu percebi que a minha genialidade era a certeza distanciada por sorrisos gastos e arrastados.minha embriaguez perante as coisas mais belas enchiam-me de silencios e transportavam-me para um outro lugar.junto de ti.dentro de ti.se alguma vez atingi a perfeiçao foste tu que a revelaste.estou convencido que perante este conhecimento me moldei para ser melhor homem e encontrei,por certo,a confiança de continuar assim.foste tu atravez da benevolencia que nao me deixaste secar o corpo.todo o meu corpo.mesmo quando me esgueirava para disfarçar as lágrimas.qual luz dolorosa dos dias.porque foi-te fácil perdoar-me e tu nunca te perdoas-te.

ainda, neste dia de estar só III

...estavamos cansados devido à mochila e o caminho sinuoso.descançamos sobre as folhas caídas da época.fizeste-me observar as pedras e o musgo nas mesmas.disseste que tu eras como as pedras, serias mais bela com o passar dos anos porque tal como elas saberias envelhecer e eu seria o musgo que te protegia das intempéries da vida.

ainda, neste dia de estar só II

...és tu quem tenho na mao e faço caricias em papel.

beijo-te os seios interruptamente, a noite ainda agora acabou de fazer amor entre os nossos corpos.é assim que gostamos de ficar.nao me recordo do dia.levantas-te e dizes que tens um presente para mim.percebi pela tua silhueta despida a beleza dos corpos femininos.a beleza do teu corpo.escondes entre os seios qualquer coisa que parece de papel.és linda quando crias suspense e danças assim.é lindo o teu sorriso.é uma fotografia o presente.é uma fotografia o teu presente.dizes que no momento em que foi tirada captaram o que de mais leve tens. o amor por mim.toco sentindo aquele rosto de papel.dás uma gargalhada. porque tocas no rosto de papel se estou aqui ao teu lado?.e quando nao estiveres?-respondi.

ainda, neste dia de estar só I

antes faltou-me a coragem para avançar em tua direcção,
seria eu um louco introvertido porque tanto te amei e nunca to disse.
estivesse eu preocupado e o teu sorriso iluminava o que tanto ficou por dizer.tenho a sede dos amantes.tenho-te à minha sede de viver.e quantas bocas terei que beijar novamente para voltar a encontrar os teus lábios.fazes-me falta.espero que te encontres bem e que a terra aguarde espaço para mais um.
e quanto de mim é uma ilha.
visto os dias antigos com a honra de romper a carne,não consigo.sou agora o sossego analgésico.um embuste do homem que fui.encontro-me aos poucos na miséria das horas sujas e digo

"eis o vosso homem romântico! aqui está o verso que criei da monstruosidade deste pensamento e o que dele se alimentou".

aguardo a coragem de furar as veias da garganta e em silencio deitar-me ao teu lado.

O que inventei de ti

percorro
todas a linhas e
todas as tranças,
o que inventei de ti

sao os teus trémulos
que broto das maos
e a pele de aranha
nas minhas outras
seis sedas

pergunto entao

em que beijo
do teu beijo
suspiras...
a sensivel
voluptuosidade
da carne
e o afogar dos silencios
entre coxas?

Estenia e Amor

...fizeram-te assim e feriram o pensamento de luz,um outro que brilhava antes deste.antes,muito antes dos anos inventados.a estenia e o amor.qual a razao e a força.qual a força na razao.o que avança e o que se detem.e o que somos.fizeram-te de sal.e boca de silencio.direi que foram melancolia. as palbebras e retina.chegará o momento.a ponte de gelo e o precipicio de jardim.é bom acordar dizes tu.nao nos preocuparemos com os braços.
.................................................................................
................................................................................

Este Sonho

...regresso a este sonho
onde o teu corpo
nos meus lábios
absorve todos os taninos
o vinho
multiplico os sabores intensos
os teus poros
e a minha língua quente
nos teus mamilos

suspira o coraçao
do amor perfeito
enquanto
deslizo suavemente
os dedos
pelas tuas partes íntimas
só depois adormeço
na sensualidade
de uma poesia perfeita
(da pele sensivel)
entre os teus seios.
..............................

Pedra de Sentimentos

esta pedra de sentimentos
esta lua de morte lenta

haverá desenlace
para esta rua de vidro fosco

este sentir agitado
este vagabundo no mundo

haverá beleza delicada
neste desejo de ser amado

este pensamento funesto
este túmulo fechado

haverá compreensao possivel
neste conforto exijido

esta verdade inviolavel
este coraçao partido

haverá manifesto verificado
neste ardor sentido

este cerebro cansado
este ser sem nunca ter sido.

..................................................

apoteose da morte

como construi esta lucidez de
-lava
massajando a carne
-nupcial
o rosto que nao morre
quando bebe das entranhas
o reflexo da vida
-liquida
sei-o
porque o vi enternecido
nasceu do ventre
-visceral
este coagulo espesso.
bebemos agora o sangue
e nos lábios
apenas uma voz que já fora
-desfalece
somos apenas sombra
a que come o
-silencio
e que no vazio respira
-suicidio
pudera no coraçao dos
-ossos
encontrar respostas
e tambem em ti me encontrava
as
-flores
de cinza feitas
o polen que das lagrimas
-ardem.

regressaste na palavra
-mae
no simbolo do leite sólido
tua pele de
-mármore
e eu mordo todas as petalas
-celestiais
na ansiedade
de provar o teu coraçao esquivo
qual
-memória
de pedra nas mesmas ruas de cinza
se cruzam
sombras e
-abismo
do murmurio lento
salgam os ouvidos
veem de longe
dissimuladas bigornas feudais
-ferram-te
submersos passaros de
-vidro
raros foram os dias
em que dançavam-nos
-fogo
em todos os poros
somos agora a erosao da
-terra
o nucleo erecto da
-boca
o alcool que triste adormece nas veias
e o azul do anus
-apoteose que da morte
se faz letra viva.
..............................

quarta-feira, 15 de julho de 2009

memórias de um amnésico VIII

tenho medo de descobrir o que está para alem dos puxadores. o que está dentro das gavetas.sei muito bem o que posso encontrar.sei porque eu nasci lá. nesse espaço escuro foi onde cresci e me fiz homem.nesse lugar escuro.a minha infancia e as primeiras nuvens negras.a chave é o desconhecido desde criança.as nuvens negras de agora foi lá que apareceram a primeira vez.e foi-me perdoado como atenuante com o passar dos anos.memórias.o meu primeiro desgosto foi um momento espontaneo.o coraçao é preso na fornalha. ainda está quente dos dias.a vida deste coraçao nao tem remédio nem obedece a consultas médicas.pela primeira vez a desgraça.ter medo.e de estar só.as gavetas e a chave.portas imaginárias porque nao tenho portas no quarto. e os meus olhos.lagrimas.tantas alegrias aperfeiçoadas com o passar dos anos.sinceridade.seriedade num sorriso de palhaço gago.a respiraçao amacia as dores.meu coraçao sai da fornalha.é o seu primeiro beijo.e é arrefecido pelo gelo dos labios ciumentos.suspiros.como que acorda a corda. acorda.e vai-me passando as inumeras bebedeiras.falho ao encontro de estar só.como falho ao encontro de nao me ter.desejo a anestesia de um agora para que me penetre o corpo triste. corpo que do arquitecto se projectou.a casa.divagaçoes e noite.a casa mimada.um cheiro a morto.a genialidade desta casa é uma orgia de corpos ao cerebro delibitado.a intençao é tocar um foco de luz.cego.faz com que a chave saia de dentro da gaveta.viagem.os puxadores sao cortesoes e ficam enaltecidos com a minha gratidao.tudo está trancado ao nao coraçao.partes do coraçao aguardam no espaço escuro.na gaveta.quantas vezes solicitei aos cortesoes que o coraçao merecia ser reparado.consertado.os pedaços e a carne.tantas feridas e tantas cicatrizes "este velho doente"."voltarei a ve-lo neste mundo?".torturo-me por nao saber da chave que abre a gaveta. o lado de fora.vida.meu coraçao é um mistério cordial.a recusa de medicamentos.as palavras.para quando as exigencias do suicida.este vento.este esperar causa ansiedade.a minha ansiedade é um corpo de gelo aberto pronto para a sepultura. esta ansiedade fria.resta-me como contentamento de ter experiencia no campo medicinal. outras experiencias eloquentes trabalhadas nas horas que passei com a esferográfica.a raça.a razao.o esquizofrénico pede para alugar esta casa.o quarto.a gaveta.os puxadores.os dedos.um outro eu imaginario.adormeço.quem me explica esta realidade.esta nova realidade de ver as coisas.sei que existe uma resposta utopica pelo que já escrevi.os amigos.e quem me diz se devo ignora-lo.o esquizofrénico.o outro eu.deste tormento a dor é um beneficio de satisfaçao pelo sentimento agoniante que cuidadosamente parte com o tempo. no espaço.interminavel esta casa dos ossos. cinza.

terça-feira, 14 de julho de 2009

memórias de um amnésico VII

arquitecto.a construção desta obra foi apenas e unicamente para perdoar o arquitecto que me fez a casa sem portas e apenas uma janela.vocação.separo todas os materiais isolantes para puder gritar e ser ouvido.dou inicio a este edifício literário.escadas.as escadas e a minha personalidade completamente esquecida.divagações musicais indispensáveis e preferidas para manter e obter o silencio e a solidão.há um túnel secreto atrás de um quadro pendurado a meio das escadas que me leva à esperança infinita de bem-estar.nuvem.minha existência é o meu cérebro.melancolia.dissipa-se uma nuvem negra e logo outra ocupa o seu lugar.precipitação.necessidade.compreender a minha infelicidade é um sonho tranquilo.memórias.sensações de caos e loucas hostilidades que me levam ao assedio.agitações varias que me infligem os restos mortais.compreensão. o meu cérebro a um passo da sepultura.contam que o medo me proporcionou a subtil linguagem de linho.assim conversam ao meu respeito.domínio de fantasmas.dor e silencio.cabeça.cabelo.símbolo de expressão e voo com os miseráveis a uma velocidade de luz pelo infinito.viagem.de volta as escadas.corredor.quarto.cama.cómoda.puxador.tenho medo de abrir a gaveta dos horrores.infância.doi-me o corpo.suor frio.vomito e masturbo-me como que já fui corroído.quem sou eu.os meus amigos ainda.este é o meu castigo.ser um ser rejeitado.vivendo só.mergulho a cabeça da almofada cinzenta.não respiro.socorro.desmaio.cómoda.esta luxuosa cómoda.gaveta e puxador.frias sao as penas dos anjos.puxador.bebo e vomito.ressaca.outra vez os suspiros desta insónia atribulada.obsessão.morbidez neste esforço capaz.meu legado sao frase incompletas tal como outras personagens clarividentes.sou um fanático pelos benefícios da saturação mental.o que me levou a preparar esta viagem.eloquência.supressão as lágrimas.rio em frente à cómoda luxuosa.gaveta e asas dos anjos.passo o tempo a obscurar-me porque já não me identifico com este novo Eu.estranho.tão leves foram as loucuras que me levaram às tentativas de suicídio.esconderijo.minha magoa dentro das gavetas.meu coração em pedaços.correm pelas veias multidões de sentimentos fervorosos em azafama e fogo.suspendo todos os outros seres.quero viver só.unicamente eu.estou farto das mascaras.os disfarces dos homens e dos homens que agem sempre em relação da matéria palpável.mesmo que considere imaturo esta reflexão.viagem.não preciso de omitir esta viagem.ser único é ser verdadeiro.ser verdadeiramente único.transparência nas palavras que se mantem à distancia de um palmo.ainda quarto.porque me mantenho aqui.choro pela luz.adormeço uma vez mais.adormeço o meu cansaço.qual o objectivo desta viagem.esta viagem equivale ao renascimento do corpo palpável.coração.tantas cicatrizes e tantas feridas abertas.há sangue para lá dos puxadores.na gaveta que não abre.para quando este corpo purificado.para quando o quando.

memórias de um amnésico VI

ausência.isso faz com que um outro de mim fora de mim habite.já faz algum tempo que um foco de luz está direccionado ao meu rosto.evito.porque um outro o faz.não lavo os dentes nem tomo banho.custa-me defecar.um tronco seco.arde-me o ânus.esqueço.as sementes e o habitáculo.onde se esconde.silencio.questiono a minha existência e o que aqui faço.o mesmo robe e a mesma insensatez.apetece-me comemorar esta ideia de libertação.seria bem melhor correr com os dias de outra forma.mutação.os dias e os amigos.ausência outra vez.elevo-me acima do pensamento.descoberta de um outro Eu.igual a mim mesmo.domínio.aceito esta passagem como forma de existência.surpresa.energia em estado solido.como a água.colectividade.dor excitando a ferida.fluidos.dedos e a pele.enquanto ausente.vivo.ego.um preludio e um reflexo de luz.mentalmente. o corpo e o que ouço.consequência.evapora-se este corpo liquido que já fora solido.prova-o o nariz.secreção.fecha-se mais uma vez o ciclo e retorno. a minha ausência.e quem eu fui.lugar.enquanto tomo um café fresco.outro outra vez.lugar.espaço de felicidade onde se esconde o ausente de mim.descobro-o através de estados de excitação.recalco os pensamentos e o presente.agora sabe-me bem este esperma de sal das coisas habitadas.puxador.

memórias de um amnésico V

todas as emoções estão nuas.conhecimento.diferentes estruturas mentais simplesmente entoam sem receio e com duração variável.tempo e método.equilíbrio entre o estado e a reação pelo o racional.vaga. apelo mais uma vez à janela da minha casa.há uma fadiga entre o que ouço e que não me diz rigorosamente nada.repudio.escolher torna-se doentio neste novo saber.tolerável.construo um teatro alternativo com novas cortinas de sangue e deixo cair as mascaras dos dias.todas as ideias sao variadas e novas surgem com urgência neste apelo ao imaginário.janela.reconhecimento do instrumento usado.tudo está catalogado."uma braçada de rosas e tudo recomeça".de novo este circulo palpável.é uma carga pesada esta conduta de estar só.doi-me os joelhos de cumprir tantas promessas. mental.vivo uma verruga no encalço dos parasitas.interrogações.é com a generosidade que retiro prazer em cada resposta dada.gaveta.( mais tarde falarei do puxador).

sexta-feira, 10 de julho de 2009

memórias de um amnésico IV

enxugo o suor do rosto.chego ao corredor.tantas vezes viajei por este sono.observatório de relevo.os dias antigos sao criados para criar esta textura de relevo.parede.sinto as maos e liberto-me do sono.silencio no inicio do corredor.o resultado é um mundo admirável.espirito.sombra.o poder pelos licores (vinho) que entornei pela garganta abaixo.há lodo na garganta.neste espaço.parede.voluptuosidades e corpos de marfim brilham na parede de tao resplandesceste.eu fui mesmo.paixoes fogosas.perfumes e jasmim.desespero à procura do entusiasmo.o homem e o céu.recompensa de bem-estar à procura das biografias de um paraíso.espécie de obssessao imprevisivel.o homem.abuso de orgias e a percussao das certezas que lhe foram ditas.vontade.o trabalho é um livro mais comodo neste espaço atropelado.corredor.alivio.tiro do escuro o que me proteje e bebo.as confidencias ao sol e paraíso outra vez.cânhamo.miasma.alegria em volta do propriétario.quimico e resina.a corda da guitarra.unidade de uma nota e temperamento nervoso.sorriso.alucinaçoes pela embriaguez dos licores.vinho e teatro.a cortina da coragem deambulante é paciente neste corredor.pensamento.luz que incomoda em situaçao de gozo.silencio desprezivel das horas.há um prazer que acompanha a felicidade de qualquer casa quando arde intelectualmente.mente.estado totalitarista maior ou menor dependendo dos casos ou situaçoes, desde que os sentimentos sejam de benovolencia.corredor.dois quadros.impressionista e pontilhista.funil de ideias sensiveis.dormem no jardim tres irmas.há uma luz incessante que me critica o pensamento.dor.corredor de matérias vivas e desgosto.porque penso.porque porque.criança.vinha que se une a uma colheita de sangue.nao vou.cateter que se arrasta pelo corredor.tenho medo.anestesia.momento.principio proximo da fadiga.mascara.halito.estrela polar brilhando no tecto.lingua seca.consumo e ardor pelas veias.infancia.carrinhos de brincar nos bolsos.campos ortograficos.respiraçao lenta.duvidas dissipadas no primeiro fechar de palpebras.sono.adormeço.
é fria a parede.o corredor e outras marcas do bisturi.ressaca.dores das dores.agrafos.cansaço e batas brancas.verdes.cateter e soro.tinta.corredor e elevador.corredor.preciso de agrupar todas as emoçoes validas prar criar independencia.há um brilho neste corredor de betao armado.deixo entrar novos raios de luz.e sinto a mudança no previsivel quotidiano.a magia deste corredor é a sua imortalidade.sobrevivo uma vez mais...

terça-feira, 7 de julho de 2009

memórias de um amnésico III

jardim.atravesso a janela de pálpebras fechadas. um corpo sensível deita-se entre as flores.descomponho-me numa miserável parasia cerebral.cheguei ao jardim.sou a ultima noite e a vitrina exposta da mesma.levanta-se um delírio surpreendentemente indigente.demasiado cansaço.castigo.este é o método onde posso ouvir de novo os declamadores de sons eufóricos e onde posso gritar à vontade.faz me falta.é bastante comum este ar pesado e incomodo.aberração.minha saude mental é um estudo de reanimação onde se multiplica o homem e o animal, ora um ora outro.cinzento.demasiada cor esta dor de um cadáver cinzento no meu cérebro.podre.cheira-me mal este esqueleto racional.apercebo-me e descobro, da terra deste jardim escondo admiravelmente o que se apoderou do meu corpo.pensamento.mutilação.há um medo experimental como forma de inteligência calculista.outra vez medo.uso óculos para disfarçar a vista de quando olho para os meus pes demasiados pequenos.não uso sapatos.as sandálias de couro castanho voam leves neste jardim.experiência.clímax insano de diversas ideias pré-concebidas pelas plantas dos pes nervosas.propriedade profunda da carne humana.devagar.sucesso da dor.órgãos e retalhos abatidos no inferno do destino plausível.morte.morro mais uma vez. e vomito inanimado por entre caes velhos.caes secos.tecidos podres.prefiro voltar ao quarto.a demora e o sofá.leviandade das orlas metálicas.a dissecação do corpo.a janela e o meu regresso.passagem.lucidez inconsciente que me enlouquece.a influencia da civilização provoca-me nauseas.meu jardim maltratado.voltar.um irritante ruido fastioso.tenho sede.a boca.lábios secos como caes velhos.regresso.estou mais fresco.porem,ainda me ardem os olhos.jardim novamente.há uma espécie de batalha no corpo cerebral.cansaço.preciso como procuro respostas no consciente.observo a cidade do tamanho do mundo.meu jardim.respiro.é importante não entrar em pânico.obedeço a uma gramática proveniente do corpo cerebral.eu.células orgânicas e cubos de gelo.vomito castanho.o ritmo.fantasmagóricos ritmos cardíacos a descamar pelo corpo.monstros.sombras poéticas e macabros libertinos neste abismal regresso.expor sentimentos de gelo e morder mais uma vez assim o vazio.eu.delírio e pele morta.desmaio.regresso ao quarto.ainda não estou morto.ainda jardim.a indiferencia é insuportável e o processo é inadequado.racionalidade.estado febril de uma criatura louca.frio.calor.trémulos dedais e a terra cravada nas unhas.protesto por quem embalou o meu sono.corredor.outros seres que ninguém mais ve.depois do quarto antes da janela.janela que convida a visitar o jardim.historias de pensamentos inconcretos.sobrevivo ao repugnante conforto atribulado.nu.sem corpo.sem mente.sem nada.a casa.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

memórias de um amnésico II

esta herança de varias frases em que me arrasto ao clérigo assustado.ainda que o verdadeiro eu ande pelos contrapesos.ainda que a propensão é um conhecimento lógico e como fui verdadeiramente enganado.vergonha.a vergonha de ser já um zé-ninguém.quanto em mim sao guloseimas pedagógicas e um quarto de céu por ter gostado de ser assim.foi-me fácil contemplar-te pelas desculpas no mesmo sentido inexorável das coisas e das tentativas de salvação.espelho.provo-te espelho que mais uma vez gozo de boa saúde mesmo que a preguiça não se agita no corpo.insónias.preciso de dormir.mas sou este mesmo, este filho da puta que volta sempre a casa do enterro.interior.e quanto de mim viveu nas tentativas de bolor como quem ve um bolo ao relento dos anos, o meu rosto.a auto-confiança é talvez a melhor forma de fugir ao esquecimento e talvez não seja preciso explicar a presença das coisas ,outras coisas erradas.voltarei par melhor me explicar e para justificar a ausência.bocejo.aguentarei na língua um rebuçado da tosse.maldita.e fico no meu surdo a assistir a reconciliação da pele no corpo e bebo agua para o equilíbrio.sao todo sequelas de um exemplo e tenho sede de novas tentativas.o suor. minha miséria foi encontrar a normalidade dos abraços enquanto chorava.espelho.ser demasiado obediente e o castigo sao açoites que ja de nada valem e de nada doem. faço destaque também à razão,sempre a tiveste e eu sempre a neguei, preferia comer o tempo.viver.fazer uma viagem interior e humilhar-me é um choque inevitável.talvez.aprendi que a terra gira como o meu perdão pelo que fiz e aprendi que não caminho´só.perdão.o meu meio-termo é a confissão e age de compaixão e no final é um efeito secundário, tivesse eu afecto para falar de mim e obedecia ao teu carácter peculiar .calma.evitemos assim ataques cardíacos.

memórias de um amnésico

o meu quarto.o meu quarto tem uma janela para o jardim que eu prefiro mante-la fechada enquanto dormito um resto de seriedade.faz-me lembrar a infância, os jogos e outras coisas significativas.onde adquiri o controlo e o consolo de estar em concordância comigo mesmo.loucura.estou farto desta demência como a proibição de dar um grito bem alto.é madrugada.ainda tenho a ferida de olhar para o por do Sol, de olhar o sol de frente.foi violenta a noite de ontem, antes ainda comia batatas fritas e bebia um cerveja bem fresca.um sofá.andava eu descalço entre o frigorífico e a cama.descanso no sofá.carrego na aparência uma repulsa dos dentes e como ofegante como nunca mais irei comer.melão.sem réstia de amabilidade construi uma casa no meu quarto.jardim.retorno.tenho agora a força de contrariar e me fazer ver que qualquer aventura dos homens não serão suplicas capazes por me suportar.a agonia dos dias.ninguém passou por mim.este desfalque,a vigília e a noite.adormeço.à semelhança do sangue provo uma gelatina de morango e regresso ao sofá como intermédio do sono.há uma má intenção de quem fica acordado para alem da noite.adormeço.musica e Rodrigo Leão.rosa.detesto a avareza como detesto o desconforto de viver numa casa imaginária para que possa descarregar o sofrível e saber das suas causas.(falarei do jardim mais tarde).parte de mim morre.provavelmente o sentimento mais preocupante seja a culpa.existir.movo-me e sei que ainda existo.ainda habito neste labirinto de sensações.naturalmente grito e os meus pulmões não rompem.vazios.casamento.há um movimento cultural que une e desune um dever bastante mastigado.estou de castigo.na casa.não caso.meu caso.minha vida é uma casa imaginária.arrasto-me com o sentimento de culpa por não contrair o matrimonio.sofrer.sofro sozinho.inesperadamente a minha educação foi suficientemente boa.sofro.sofro sozinho.banho.tomo agua fria pelo corpo.azulejos azuis e os nervos provocados pela ansiedade de ter queda de cabelos.cabelos brancos.saúde.disfarço o destrutível dos ossos abrindo caminho à fome.sabe bem uma laranja e uma maça bem dura amaciando as gengivas.de volta ao quarto.as experiências da vida instituiram-me como sem ferir demasiado o orgulho e até sinto com uma certa vaidade. as indiferencias que outros anos por mim passaram.escrevo.escrevo o que me perturba, faz parte da minha natureza que assim seja.desenvolvi esta técnica em poemas soltos e no diário.uso a escrita como tentativa de fuga e depois adormeço, deixo-me domar pelo cansaço.já faz tarde.o dia nasce.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Monólogo

procuro nos destroços
da festa que dei ao monólogo
instrumentos vocais
de quem me alertou
que as estruturas
corporais sofriam influencias
do conhecimento
e da linguagem de jasmim.
a doçura das composiçoes
e das discussoes em parábolas.
descubro no asilo silencial
que o segredo do monólogo
está na consciencia substancial inalterável
como que anjos anscestrais.
exprimem,neste caso,
um livro aberto ao estilo "artaudiano"
como uma página salteada.
há tambem uma dramatizaçao,
um instinto teatral( sao mesmo gritos)
de uma voz platónica
repercutindo outras vozes.
uma dedicatória
de sentimentos expostos,
presente no corpo de rosto abismal.
e os destroços deste monólogo,
sao géneros de gemidos
ao abandono,
com a pressa de chegar
a um abafado círculo fechado.
é um nó de dor este monólogo.